Previsão otimista
PIB de 2021 deve ficar entre 4% e 5% afirma economista Lauro Chaves Neto
Por Marcelo - Última Atualização 2 de janeiro de 2021
O economista, conselheiro do Cofecon e assessor econômico da FIEC, Lauro Chaves Neto, afirma que a retomada da economia ainda é incerta e deverá ser mais lenta do que o previsto no início da pandemia, devido à dimensão global alcançada. E que o PIB mundial em 2021 deverá recuperar o valor perdido este ano, entre 4% e 5%, de acordo com estimativas do FMI.
“A crise será menos severa quanto mais cedo houver a normalização das atividades. A eficácia da vacina e a imunização em escala global são requisitos necessários para que isso aconteça. Dessa forma, há dois cenários distintos para a retomada”, disse.
Segundo ele, se houver aumento de casos e nenhuma vacina for eficaz, uma recuperação econômica mais forte em 2021 será pouco provável. Além disso, a condição fiscal dos países ficará deteriorada, contribuindo ainda mais para fragilizar uma retomada. “Mas, caso a vacina e a imunização sejam eficazes, contribuindo para o aumento da confiança dos mercados e a melhoria da situação fiscal dos países, em 2021 e 2022 a retomada poderá ser mais acelerada”, afirmou Lauro Chaves.
Lauro ressaltou que no início da pandemia os mercados financeiro e de capitais internacionais sofreram um expressivo crescimento na volatilidade, em meio a possíveis defaults de países e empresas. E isso gerou uma fuga de capitais dos países de emergentes de cerca de US$ 100 bilhões, cinco vezes mais que na crise financeira de 2008.
“Esse padrão de comportamento não é uniforme, pelo contrário, é bastante difuso, pois algumas empresas e/ou setores têm ganhos extraordinários, enquanto outras amargam perdas significativas. As aplicações de renda fixa, nas suas inúmeras opções, continuam recebendo a maior parte do volume de investimento no mercado financeiro e de capitais. A democratização desse mercado no Brasil será alcançada, quando for viável a participação das pequenas e médias empresas e, assim, a crescente participação de novos investidores poderá ser alavancada”, salientou.
Falando sobre mercado financeiro, devido à sua volatilidade atual, diz que é recomendado aos investidores em ações que busquem por opções de investimentos com perspectivas de retorno a médio e longo prazos. E buscar compor seu portfólio com empresas que pratiquem o ESG, ou seja, carteiras que direcionam o acesso ao capital para o desenvolvimento de soluções corporativas que sejam sustentáveis nos aspectos ambiental, social e de governança.
Lauro Chaves, que também é professor da Uece e PHD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, disse que o setor imobiliário estará sempre presente entre as atividades econômicas com maior potencial. “Mas, depende da oferta de linhas de crédito e de taxas de juros reduzidas. Se persistir uma melhora nessas condições, 2021 pode ser o início de um novo ciclo de crescimento sustentado, com lançamentos de novos projetos e substancial redução dos estoques antigos.”
Lamentou, entretanto, que o setor turístico cearense tenha sido fortemente impactado pela pandemia pois é determinante para o desempenho da economia cearense. Ainda mais com o grande movimento que o Hub Nordeste das companhias Air France e KLM, em parceria com a Gol, no Fortaleza Airport, vinha registrando.
“Sua retomada será lenta, levando meses ou anos. A cadeia produtiva precisa investir cada vez mais na inovação, na transformação digital e na consolidação de novos produtos turísticos. Em curto prazo, o turismo nacional deve ser prioridade, com menos restrições do que o internacional”, explicou.
O economista destacou que o presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, lançou a Plataforma de Desenvolvimento Industrial Cearense, após escutar os sindicatos e os empresários locais, para construí-la de forma participativa. “Ela consolida as diretrizes e estratégias necessárias para se chegar à visão de futuro de uma indústria competitiva, sustentável e inovadora, integrada às cadeias globais de valor, com equilíbrio territorial e boas práticas de governança corporativa”.
Afirmou ser importante conciliar o fortalecimento de setores tradicionais como a construção civil, metalmecânico, têxtil/confecções, químico, calçados, entre outros, com o desenvolvimento e consolidação de inovadores, como os de energias renováveis, economia da saúde e economia do mar.
Como o Ceará tem cerca de 4,5% da população brasileira, mas representa apenas pouco mais de 2% do PIB nacional, disse que para romper essa situação histórica são necessárias novas estratégias e atitudes disruptivas. “A internacionalização e a inovação devem ser os focos para o aumento da produtividade da economia cearense, a busca por um maior equilíbrio territorial com a redução das desigualdades e a integração das cadeias de valor. Além do incentivo ao empreendedorismo, a disseminação das boas práticas de governança e a melhoria no ambiente de negócios são fatores determinantes para elevar a participação cearense na economia brasileira”, completou Lauro Chaves Neto.