DESAFIOS NACIONAIS
Secretário Jorge de Lima diz que Brasil perde R$ 1,5 trilhão por ano devido à burocracia e falta de competitividade
Por Marcelo - Em 27/04/2021 às 8:47 PM
O Custo Brasil e a MP do Ambiente de Negócios concentraram o debate que trouxe outros assuntos de interesse para o setor produtivo cearense, promovido pelo Lide Ceará, nesta terça-feira (27), trazendo o secretário de Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Serviço e Inovação do Ministério da Economia, Jorge Luiz de Lima. Ele afirmou que o País perde R$ 1,5 trilhão por ano, devido à falta de competitividade e burocracia.
Destacou o papel da desburocratização do Brasil para ampliar a competitividade e defendeu uma postura de separação entre economia e política. “É fundamental que se passe a despolitizar a economia, que ela seja apartidária. Temos uma série de avanços já acontecendo em nosso País e outros precisam de condições e apoio para se tornarem realidade. Para isso, é importante que a conversa da economia seja separada da conversa política”, disse.
O evento foi conduzido pela presidente do Lide Ceará Emília Buarque, de maneira híbrida – presencial e virtual – contando com a participação do Chairman do Lide Global, ex-ministro Luiz Fernando Furlan, e dos empresários Beto Studart, Deusmar Queirós, Edson Queiroz Neto, Lauro Fiúza Júnior e Pedro Lima como debatedores.
Emília Buarque citou que o Ceará vem de uma sequência de governos com ampla visão de futuro. “Os governos seguem investindo em projetos estruturantes e o setor produtivo não tem tempo a perder. O Lide não está preocupado com interesses classistas, pois além de ser apartidário, respeita as posições de cada um de seus membros. Mas é de grande interesse do Lide superar esta crise, unindo a mais expressiva amostra do PIB do Estado em torno de projetos concretos”, afirmou.
A fala de Jorge Lima trouxe esclarecimentos sobre a MP do Ambiente de Negócios e mostrou caminhos possíveis para vencer a crise através de uma participação cada vez mais ativa do setor produtivo na vida pública, levando em consideração as diferenças regionais brasileiras.
“É fundamental nos determos em solucionar o problema do Custo Brasil. O País perde R$ 1,5 trilhão por ano por não ser competitivo. Precisamos mudar essa realidade e, para isso, temos colocado em prática um projeto interministerial que já conseguiu levar a uma economia de R$ 260 bilhões e queremos atingir de R$ 500 a R$ 800 bilhões de economia até o final do ano”, destacou o secretário.
Falando sobre o projeto desenvolvido pelo Ministério da Economia, Lima explicou um pouco das diversas ações que o compõem, abordando aspectos como o desenvolvimento de linhas de crédito (por meio do Pronampe), as medidas para facilitar e desburocratizar a abertura e o fechamento de negócios, as Leis de Falências, do Gás, do Saneamento, das Startups e da Construção Civil, além de projetos específicos como o da BR do Mar, na área de logística, e do marco do empreendedorismo.
Jorge Lima respondeu às perguntas dos debatedores e destacou outros pontos relevantes, como a importância da reforma tributária e sua ligação com o aumento da competitividade. “Em nosso país, a indústria responde por 70 a 80% dos impostos. Por outro lado, o setor de comércio e serviços opera com mais de 50% dos postos de trabalho. É lógico que essas coisas estão atreladas uma à outra e precisam ser vistas de maneira geral, mas também em suas especificidades”.
O secretário também abordou a necessidade da reforma administrativa e reforçou a necessidade de investimento em capital humano, com foco na educação técnica e de investimentos de acordo com as características de cada região do País. “No Nordeste, temos uma grande vocação turística, mas precisamos fortalecer cada vez mais quem trabalha nesse setor, preparando-o para um mercado exigente e dando-lhe condições de crescimento. Para isso, estamos desenvolvendo uma série de programas inteligentes de formação, em parceria com entidades como o Sebrae, Senai e Senac. A outra linha é criar metodologias de incentivo de políticas públicas para que o empresariado possa investir no capital humano com vantagens”, explicou.
Os empresários que participaram do encontro também deram suas contribuições para o debate. Pedro Lima fez referência à importância da reforma tributária com destaque para simplificação e desburocratização, e Lauro Fiuza reforçou que a política não pode enfraquecer as pautas urgentes ao País que são saúde e economia. Deusmar Queirós citou como exemplo a necessidade de ampliar a competitividade no segmento farmacêutico, além de abordar um dos grandes gargalos para investidores que é a insegurança jurídica. Já Edson Neto questionou sobre a abordagem citada pelo secretário de se investir mais em educação.
Beto Studart, por sua vez, procedeu o encerramento do encontro, mencionando seu entusiasmo com as palavras do secretário e concordando que a política precisa ficar distante da economia. Recebeu elogios de Jorge Lima sobre o Observatório da Indústria, uma iniciativa sua quando esteve à frente da FIEC. Ressaltou, ainda, que apoia as boas ações do atual governo, considerando um perfil de seriedade contra a corrupção, o que é relevante, mas em alerta, admitiu que é necessário melhorar a comunicação.