A ressaca da sexta-feira!

Crédito: Investing.com

Último dia da semana e, adivinhem!, sobrevivemos. A quinta-feira foi de certa histeria, muito barulho, intensa movimentação política e furos de teto de gastos do Governo Federal. Qualquer brasileiro que tenha passado poucos minutos diante de algum meio de comunicação foi informado de que a equipe econômica perdeu a batalha do ajuste fiscal para a ala política abrigada no Palácio do Planalto, em ministérios-chave da articulação com o Congresso Nacional. Tecnicismos à parte, ontem foi aprovada numa primeira instância, mudança na Constituição que altera  a lei que estabelecia limite autorizado para gastos realizados pelo Governo. Nossa legislação fiscal – aquela que rege como são aplicados os recursos públicos pela União – foi considerada, desde sua criação, muito eficiente e moderna. Um sistema que podemos chamar de “freios e contrapesos” para evitar desperdícios nas despesas e gerar condições de investimentos públicos que, por sua vez, induzem o movimento no setor privado.

Cartilha gasta? Não ainda…

É assim a cartilha adotada pelo Brasil desde a redemocratização por todos os governos. Sim. Eu disse todos. De Fernando Collor, que abriu a economia brasileira para a globalização (quem lembra das primeiras importações de veículos russos da marca Lada sabe do quê eu estou falando). Passando por Itamar Franco, que criou o Plano Real, Fernando Henrique Cardoso e o neoliberalismo só metade convicto, já que fez transferência de renda. Os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, com o seu trabalhismo parceiro dos patrões em bancos, campeões nacionais da indústria, comércio e agronegócio. Até chegar em Michel Temer, aquele que fez as reformas mais fiscalistas até então: a da Previdência e a trabalhista.

Gangorra de dólar e bolsa

O mercado abriu a sexta-feira com o dólar a R$ 5,71 e a B3 –  bolsa de valores de São Paulo que unifica o movimento das ações de todos o país –  teve queda de 2% na “Quinta-Feira Frenética”, de 21 do 10 de 2021 do século 21. Vai ver que tanto 21 pode ter influenciado o nervosismo exagerado de ontem. Este foi só um dos  efeitos de vários eventos: a aprovação da PEC dos precatórios e das mudanças no teto de gastos; a declaração do presidente da República de que vai dar auxílio emergencial de R$ 500,00 aos caminhoneiros para compensar elevação do preço do diesel que falamos ontem. E,  arrematando, elevar o valor do bolsa família, agora Auxílio Brasil, para “no mínimo” R$ 400,00. Quatro secretários da equipe econômica pediram demissão ontem.  Já  ministro da economia, Paulo Guedes, brada o “no surrender, no retreat”,  para dizer que fica no idioma da Escola de Chicago. Até o momento em que você for ler essas linhas, tudo pode mudar. Inclusive, nada.

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Timing Preciso

A comissão especial da Câmara que trata da PEC dos precatórios aprovou o texto apresentado pelo relator da matéria, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB). Com isso, Governo Federal ganha expansão fiscal de R$ 83 bilhões para gastar a mais em 2022, furando o teto de gastos. Isso permitiria o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 até o fim de 2022. Timing preciso. Terá alguma relação com as eleições de outubro/novembro do ano que vem? O texto também trata do (não) pagamento dos precatórios.  A PEC fixa um limite, a cada exercício financeiro, para as despesas com dívidas da União já reconhecidas pela Justiça. Em palavras mais diretas: devo, não nego. Paga quem vier. Agora a proposta segue para o plenário da Câmara e depois para o Senado. Outra vez, tudo pode acontecer….

Take it easy!

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Hoje é dia de sextar. Quem tem dinheiro aplicado em Bolsa, não se mova. Deixe suas aplicações lá enquanto a turbulência não passa. .O quê se guarda no mercado de capitais não são recursos para emergências. São para o futuro. Se já comprou dólar, ok. Seu sono será mais tranquilo porque fez um bom hedge no Brasil de hoje. Tem precatórios para receber, faça meditação. Profissional liberal, assalariado, PJ, subempregado? Keep calm and have a beer.