Nesta sexta-feira (28) é comemorado o Dia do Comércio Exterior no Brasil. 2021 foi marcado por um momento de recessão econômica e pelos impactos da pandemia em todo o mundo. “Mas nenhum setor foi diretamente mais afetado que o comércio internacional”. É o que afirma o especialista em comércio exterior, infraestrutura e logística, Paulo César Alves Rocha, que dirige a LDC Comex e tem mais de 50 anos de experiência. Para ele, o cenário pandêmico trouxe mudanças irreversíveis e já impõe o debate sobre o futuro do setor no Brasil.

Falta de contêineres gerou transtorno à atividade portuária no mundo             Foto: Divulgação

“A atual crise de falta de contêineres é resultado destas paralizações durante a pandemia. As redes de suprimento, baseadas nas competências de cada País de produzir melhor e por valores mais baixos, que faziam com que um determinado produto pudesse ter partes fabricadas em diversos países e finalizadas em outro deverão mudar, porque todos os países e empresas tenderão a revisar seus planos estratégicos após o término ou abrandamento da pandemia”, afirmou o especialista.

Paulo César explica que as metas conjuntas impostas pela agenda dos países devem obrigar mudanças imediatas no comércio exterior, principalmente dos países em desenvolvimento. “Exemplo deste fato é o que está acontecendo com os semicondutores, que estão em quase todos os produtos industrializados. Estoques de mercadorias e principalmente de mercadorias absolutamente necessárias para um vivenciamento mínimo, que nos antigos conceitos eram minimizados ou centralizados em locais com facilidade de transporte até os seus locais de consumo, deverão ser reestudados”, disse.

Paulo César diz que cenário pandêmico trouxe mudanças irreversíveis

Segundo o especialista, ainda é cedo para traçar como se consolidará este novo cenário para o comércio internacional, principalmente no Brasil. “É certo que a logística de comércio entre países sofrerá modificações, quer pelas mudanças nos conceitos de cadeias de suprimento, quer pelas mudanças de consumo de mercadorias como um todo (petróleo, gás, equipamentos, produtos químicos e farmacêuticos, alimentação em geral), seja pela forma com que são tratados, passando a haver necessidade de um planejamento de custos de transporte, armazenagem e forma de pagamento de tributos”, salientou Paulo César.