PERÍODO MAIS PROLONGADO
Economista afirma que Ata do Copom revela manutenção de juros em alta
Por Marcelo - Em 08/02/2022 às 11:30 AM
A Ata do Copom, divulgada pelo Banco Central (BC) na manhã desta terça-feira (8), destacou que o comunicado da semana passada deveria ter sido mais claro sobre a necessidade da aplicação de juros mais altos e por mais tempo para a economia brasileira, até que a convergência da inflação à meta fique mais evidente.
Segundo o economista-chefe do Banco Original, apesar das reclamações em geral, outras elevações da taxa básica de juros devem ocorrer. “Antecipando a nossa conclusão, a comunicação de hoje reforça o nosso cenário de Selic terminal em 12,25% ao ano, a ser atingida em maio e, novamente, salienta a necessidade de mantê-la nesses níveis por um período prolongado”, disse Marcos A. Caruso.
Na opinião do especialista, no documento passado o ponto focal do mercado foi a preferência do Comitê de Política Monetária (Copom) em deixar em aberto os seus próximos passos, o que foi lido como dovish pelos ativos (viés por menos juros). Essa aparente predileção abriu a porta para todo tipo de cenário entre os analistas e parecia reduzir a chance de juros acima de 12,00%.
Já hoje, com o espaço adicional para maiores detalhes que a ata traz, a leitura mudou. Primeiramente, o Copom concluiu “novamente” que o viés altista de suas projeções de inflação demanda um ciclo de aperto monetário “mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência ao longo do horizonte relevante”, diz o documento.
“Essa já era a nossa leitura desde a reunião anterior – aliás, não é sem razão que optaram por incluir a expressão “novamente” no parágrafo 14. Considerando que o cenário em questão trabalha com uma Selic que atinge 12,00% ao longo de 2022, cai para 11,75% no final do ano e termina em 8,00% em 2023, deveria ficar claro novamente que o cenário básico do BC é de Selic mais alta e por mais tempo. Não necessariamente por toda a extensão do horizonte relevante, mas por boa parte dele”, destacou.
Outro ponto relevante foi a preocupação em explicitar que, em suas simulações de cenário, avaliaram a “duração” do aperto monetário, e não apenas sobre o ritmo de alta da Selic e o seu ponto final no ciclo. Ou seja, parece incomodar o colegiado o fato de a curva futura de juros e alguns analistas trabalharem com cortes precoces de juros ainda este ano.
Para terminar, a ata incluiu uma passagem que trata indiretamente da intenção do governo e do Congresso de reduzir impostos sobre combustíveis: “o Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva”.
O economista do Original afirma que esta foi uma decisão bastante correta por parte da equipe do BC. “Acertadamente, há uma maior preocupação do Copom com os efeitos adversos da medida do que com eventuais ganhos passageiros com a inflação corrente”, complementou Marco Caruso.