REFERÊNCIA NACIONAL

Pesquisadora da Universidade de Harvard conhece o Complexo Social Mais Infância

Por Marcelo - Em 06/09/2022 às 7:09 PM

Enquanto as crianças aprendem a usar tecnologia para montar dispositivos programáveis na sala de robótica, idosos aprendem a tocar teclado e violão na sala ao lado. Sem falar das diversas outras oficinas e cursos que acontecem, simultaneamente, dentro de um mesmo espaço: o Complexo Social Mais Infância do Cristo Redentor. O equipamento, que atende crianças, adultos e idosos, contou, nesta terça-feira (6), com a presença da professora de Saúde Global e pesquisadora do Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard, Aisha Khizar Yousafzai.

Onélia Santana recepcionou a pesquisadora Aisha Khizar (vestido azul) no complexo 

A secretária da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), Onélia Santana, recebeu a pesquisadora e, junto dos profissionais da unidade, apresentou o espaço e outras experiências do Ceará no estímulo ao desenvolvimento infantil. “Pesquiso o desenvolvimento das crianças e a estabilidade das famílias entre populações desfavorecidas e vulneráveis em países de baixa e média renda. O que acontece é que, tradicionalmente, os trabalhos nesta área têm como foco apenas as crianças, quando na verdade o que tenho percebido, é que para se desenvolver plenamente, a criança precisa da atuação conjunta da comunidade ao seu redor e da família”, destacou Aisha Khizar.

A pesquisadora também comentou sobre a atuação do local a partir das atividades que acontecem no espaço. “No Complexo Mais Infância toda a família é contemplada nas atividades, o que acaba por mudar o ambiente ao redor das crianças atendidas aqui. Assim diminuem, consideravelmente, os fatores de risco, como a violência, a pobreza e diversos outros fatores que estão no entorno destas crianças e influenciam diretamente no seu desenvolvimento”, reforça. No Ceará, mais de 14 mil atendimentos já foram realizados nos complexos Mais Infância do Cristo Redentor e do João XXIII, em Fortaleza, e de Barbalha, na região do Cariri.

Desenvolvimento

Enquanto Juan, 12 anos, mostra orgulhoso o robô em formato de carrinho que ele mesmo criou na aula de Robótica, sua mãe, Rose da Silva, sorri orgulhosa e lembra da importância do equipamento para os moradores do bairro. “Nossa comunidade precisava de um espaço como este. Muitas crianças que só tinham as ruas para brincar, hoje encontram aqui uma biblioteca, um teatro, aulas de diferentes modalidades. Vejo aqui também muitas mulheres como eu, que além de trazerem seus filhos para se capacitarem e aprenderem coisas novas, também participam de cursos e conseguem melhorar a renda dentro de casa”, conta a cabeleireira que também fez o curso de Designer de Sobrancelhas no Complexo Mais Infância.

Acompanhando a professora Aisha Khizar na visita, a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e professora de Saúde Pública da Unichristus, Anya Vieira, ressaltou a importância do equipamento para a população das periferias. “Atuo à frente de uma pesquisa sobre o impacto da violência e da Covid no processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde, e tem ficado muito claro para nós o quanto a violência afeta a vida das pessoas no dia a dia e o quanto espaços como estes ajudam no desenvolvimento infantil e das famílias como um todo, melhorando os indicadores de violência e socioeconômicos da comunidade. É lindo ver este trabalho acontecendo e saber isto alcança a comunidade a médio e longo prazo”, disse.

Atividades para crianças e adultos são desenvolvidas no Complexo Social Mais Infância do Cristo Redentor

Dona Regina Célia tem, 58, está no segundo dia de aula do curso de música no Complexo Mais Infância. “Vim porque minha neta me chamou e disse que eu ia gostar, e realmente já estou sentindo a diferença, pois me sinto mais feliz. Fico empolgada pra vir para a aula de teclado e também pra ver minhas novas amigas. Antes eu não estava nem saindo no portão, não conseguia mais sair de casa, e agora estou realizando um sonho antigo, que é aprender a tocar teclado”, conta dona a avó da Cauane (13), Davi (11) e Thayná (9), que fazem o curso de Robótica na unidade.

“Receber duas pesquisadoras tão renomadas e reconhecidas em um dos nossos equipamentos é motivo de muito orgulho pra nós que estamos à frente destas políticas e que acreditamos que o pleno desenvolvimento infantil só acontece quando a comunidade e a família estão integradas, atuando juntas para educar suas crianças”, ressaltou Onélia Santana, lembrando ainda que o Estado do Ceará segue sendo referência nacional nas políticas para primeira infância.

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