19ª edição
Congresso da Academia Brasileira de Neurocirurgia acontece até hoje em Fortaleza
Por Gabriela - Em 28/11/2022 às 1:00 PM
Mais de 400 médicos neurocirurgiões brasileiros e de outros países se reúnem em Fortaleza a partir da sexta-feira (25), no hotel Gran Marquise, para participar da 19ª edição do Congresso da Academia Brasileira de Neurocirurgia (ABNc), presidido pelo médico cearense Flávio Leitão Filho. A programação técnico-científica do evento, que segue até hoje (28), conta com palestras, cursos, aulas práticas, conferências e apresentações de trabalhos. Um dos destaques fica por conta da realização de cirurgias em pacientes do SUS, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), que serão transmitidas ao vivo para os participantes do Congresso que estarão em uma sala de aula no hospital.
Os temas abordados no congresso e as cirurgias a serem realizadas têm grande relevância científica e ao mesmo tempo trazem ganhos práticos para a sociedade, uma vez que permitem solucionar problemas ocasionados por lesões, acidentes ou doenças no sistema neurológico das pessoas, melhorando a qualidade de vida desses pacientes. “A Academia Brasileira de Neurocirurgia entregará a população médica e principalmente aos neurocirurgiões desse país um evento inovador. Teremos uma oportunidade ímpar para discutir as maiores moléstias neurocirúrgicas que acometem os pacientes, aprimorar nossos conhecimentos, nos aperfeiçoarmos e nos tornarmos cada vez mais capazes de ajudar quem precisa”, comenta o médico neurocirurgião Flávio Leitão Filho, presidente do Congresso.
O Congresso é uma realização da Academia Brasileira de Neurocirurgia (ABNc), com organização da Ikone Eventos, patrocínio ouro do Hospital INC – Instituto de Neurologia de Curitiba; patrocínio prata Abbot, hpbio, Macom e Zeiss; patrocínio bronze Proibrás; e apoio Neuromedicine, Hospital São Camilo Fortaleza, São Carlos Imagem, ProVida Medical, SVO – Serviço de Verificação de Óbitos e Governo do Estado do Ceará por meio da Secretaria da Saúde.
Lesões do plexo braquial e acidentes com motociclistas
Um dos temas a serem abordados em curso prático e em atividades no XIX Congresso da Academia Brasileira de Neurocirurgia é o do tratamento das lesões do plexo braquial/nervo periférico, muito comuns especialmente em motociclistas que se acidentam e ficam com problemas de movimentação dos braços. O plexo braquial é um grupo de nervos que se originam na medula cervical e uma vez reunidos no pescoço, do plexo braquial, partem promovendo a movimentação e a sensibilidade do braço.
No Ceará, semanalmente, são incluídos 3,2 pacientes novos na fila por uma cirurgia do plexo braquial/nervo periférico devido a sequelas e dificuldades de movimentação do braço. Em sua maioria, causadas por acidentes de moto, cujos índices são elevados em todo o mundo. Mas também vem crescendo as lesões devido à violência, tanto de arma de fogo como de armas brancas, que atualmente correspondem a 10% dos casos no Estado.
As cirurgias para solucionar as lesões no plexo braquial costumam durar várias horas, são de alta complexidade e envolvem suturas com fios de espessuras menores que um fio de cabelo, além de exigirem uma infraestrutura com microscópios neurocirúrgicos e monitoração eletrofisiológica, entre outros equipamentos. “É preciso ter equipes médicas preparadas e capacitadas para realizá-las, e isso começa pelo conhecimento anatômico do plexo braquial e das técnicas cirúrgicas, algo que iremos discutir muito em nosso Congresso”, explica Flávio Leitão Filho, destacando como a recuperação dos pacientes é motivo de celebração para os médicos. “Mesmo com o empenho da equipe e do paciente, não existe uma recuperação de 100%. O que existe é uma recuperação que permite uma vida normal ou próxima da normalidade”, complementa. “Apesar do grande esforço que estamos tendo em desenvolver as cirurgias plexo braquial/nervo periférico em Fortaleza desde 2003, não consigo conter a satisfação e a alegria quando entra em nosso consultório no IJF um paciente que recuperou o movimento perdido”, comemora o médico neurocirurgião.
Cirurgias da base do crânio e de tumores oncológicos: a busca da precisão
Outros dois tipos de cirurgias a serem realizadas e transmitidas ao vivo durante o XIX Congresso da Academia Brasileira de Neurocirurgia demostram o elevado grau de habilidade exigido dos neurocirurgiões e atestam os avanços da Medicina para a solução de problemas no sistema neurológico.
Uma delas será uma cirurgia localizada no ângulo ponto cerebelar, estrutura delicada do cérebro, onde existe grande intimidade do tumor com estruturas vitais como tronco cerebral e estruturas de movimento do rosto (neurofacial, audição, nervo coclear e nervos da deglutição). Preservar essas estruturas é indiscutivelmente um grande desafio. A cirurgia será conduzida pelo médico neurocirurgião Marcos Tatagiba. Outra será uma cirurgia oncológica para a retirada de um tumor na região da cabeça, conduzida pelo neurocirurgião Marcos Maldaun. “Ambas são tipos de cirurgias de elevada complexidade e que exigem muita perícia, capacitação e concentração de toda a equipe médica, pois são feitas perto de estruturas anatômicas que podem afetar a qualidade de vida da pessoa e não admitem imprecisões. Daí a importância de estarmos sempre nos atualizando e nos capacitando, algo que nosso Congresso fará na teoria e na prática”, reforça Flávio Leitão Filho.
Inserção de eletrodo no cérebro e alívio para pacientes com Parkinson
Outra atividade pioneira no serviço público do Estado do Ceará que será feita durante o Congresso é a realização de uma cirurgia para a colocação de um eletrodo de cérebro em um paciente com Parkinson. A cirurgia será feita pelo SUS, também no HGF, e com transmissão para os participantes do evento, e será conduzida pelos médicos neurocirurgiões Osvaldo Vilela Filho e Flávio Belmino.
A cirurgia consiste na inserção de um dispositivo que funciona por impulsos que servem para ritmar as atividades cerebrais do paciente e ajudá-lo a minimizar os tremores oriundos da doença. Segundo o médico Flávio Belmino, os resultados práticos da cirurgia acontecem imediatamente, já no pós-operatório, e o paciente tem uma rápida alta hospitalar.