Programação variada
Shows, exposições e debates vão marcar a 2ª edição do Fotofestival Solar
Por Gabriela - Em 05/12/2022 às 12:29 PM
Fortaleza receberá, neste mês, a segunda edição do Fotofestival Solar, aberto na quarta-feira, 7, e com programação que segue até domingo, 11, com uma uma ampla agenda e diversos tipos de atividades a serem realizadas em dois dos principais equipamentos culturais da capital cearense: o Complexo Cultural Estação das Artes e no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS).
Com acesso totalmente gratuito, as atividades incluem exposições, debates, oficinas e lançamentos de livros, tudo com a participação de convidados relevantes da fotografia nacional e convidados internacionais. Com foco em reunir pessoas ligadas à área da fotografia, mas também o público em geral, o cronograma traz também exposições, mesas e um show especial com a cantora Céu, no sábado, 11. Ela traz o show “Um gosto de sol”. A apresentação vai acontecer no palco montado na gare da Estação das Artes. Após cinco trabalhos autorais, “Um Gosto de Sol” é o primeiro disco de Céu somente como intérprete, no qual ela dá voz e sua versão particular a canções de outros autores. Na lista constam faixas como “Bim Bom”, de João Gilberto; “Ao Romper da Aurora”, de Ismael Silva; “Teimosa”, de Antonio Carlos & Jocafi; entre outras.
Exposições
No total, o Festival tem sete exposições em sua programação. A exposição central desta segunda edição é “Negros na Piscina”, que reúne cerca de 60 artistas e se refere a uma outra paisagem de Brasil. Uma que não existe ainda, mas que está sendo construída por muita gente. Paisagem social e afetiva em que corpos pretos, indígenas e travestis, entre outros vários igualmente negros, possam ter direito a trabalho e a descanso. A curadoria está sob a responsabilidade do pesquisador e escritor Moacir dos Anjos e da jornalista, professora e escritora Fabiana Moraes.
Já “Cosmopolíticas” tem como proposta inicial colocar em diálogo obras de artistas brasileiros que trabalham na fotografia questões em torno da política da natureza em seus mais variados elementos, através dos corpos, das ausências e dos territórios. A realização é uma parceria com o Foto em Pauta, o festival de fotografia de Tiradentes (MG), com curadoria de Pedro David (MG) e João Castilho (MG). Para a mostra, foram selecionados 12 participantes, incluindo uma dupla e um coletivo.
Por sua vez, a mostra “Quando o Vento Sopra” apresenta uma coleção de imagens de autores internacionais e propõe uma reflexão sobre a importância dos sonhos e seu poder transformador – não apenas na dimensão de devaneio ou delírio, à qual o sonho foi reduzido pela lógica neoliberal, mas em seu significado mais amplo: de imaginar realidades e futuros possíveis. A curadoria é de Ângela Berlinde. Estas três exposições citadas acima serão abertas na noite da quarta-feira, dia 7, e ficarão localizadas na Pinacoteca.
Em paralelo, outro destaque da programação do Festival são as três exposições de livros de fotografia que estarão montadas e abertas à visitação no Centro de Design do Ceará, outro equipamento dentro da estrutura do Complexo Cultural da Estação das Artes.
“Constelações Latinas” faz um pequeno recorte de artistas contemporâneas da América Latina que têm como objeto e linguagem o fotolivro. Já “Convocatória Zum” traz os fotolivros selecionados pela Revista ZUM e pela Biblioteca de Fotografia do Instituto Moreira Salles para exposição no Festival ZUM, realizado em 2021. De quase 400 publicações enviadas à época, foram escolhidas 78 livros, zines, revistas e catálogos – uma amostra preciosa desse tipo de produção no País na atualidade. Na exposição “Livros – Espelhos e Janelas da Alma”, o visitante encontrará 46 livros de mulheres fotógrafas, em um recorte temporal que vai de 1969 a 2012 e mostra como essas artistas se inseriram na fotografia brasileira com um legado de qualidade técnica e estética. É a primeira vez que o livro de fotografia autoral publicado por mulheres no Brasil tem destaque no cenário dos eventos de fotografia. Duas dessas artistas referenciais da fotografia brasileira – Maureen Bisilliat e Claudia Andujar – são homenageadas na mostra.
Ainda no Centro de Design, a programação tem como destaque a “Noite Solar”, exposição em formato de projeção com trabalhos de 89 artistas que se inscreveram para a ação. As imagens serão projetadas todas as noites do festival, nas paredes das áreas internas e externas do Complexo Estação das Artes, transformando o equipamento em uma enorme galeria a céu aberto.
O Museu da Imagem e do Som (MIS), por sua vez, foi escolhido para concentrar a produção de artistas cearenses dentro do festival. Por isso, uma das exposições que o equipamento recebe é “Horizontes Desejantes”, construída a partir de uma convocatória voltada a artistas do Ceará. Após recebimento e análise do material, os curadores Alexandre Sequeira (PA) e Iana Soares (CE) selecionaram 26 nomes, cujos trabalhos ocupam a Sala Imersiva do MIS.
Também montada no MIS, a exposição “Leocácio Ferreira – Todos Juntos, vamos!”, com curadoria de Rosely Nakagawa, reúne o acervo do fotógrafo, inventor e cinegrafista paraibano que ainda pequeno mudou-se para o Ceará e aqui teve uma intensa atuação no campo da fotografia e da comunicação. O material presente na mostra foi resgatado após uma pesquisa e um trabalho de recuperação e preparo para exibição pública.
Em paralelo, algumas importantes discussões serão promovidas no MIS ao longo do Festival, como a Mesa “O que nos dizem as imagens?”, com a jornalista, professora de Fotografia, editora de livros de Fotografia e curadora de espaços culturais e exposições, Simonetta Persichetti, em uma conversa intermediada pelo fotógrafo e professor Silas de Paula, diretor do MIS. O encontro será na sexta-feira, 9, às 19 horas, e pretende discutir o que a fotografia traz para a história do conhecimento do cotidiano, das experiências das pessoas comuns, em uma discussão sobre a contemporaneidade no fluxo entre idolatria e iconoclastia para procurar compreender as relações sociais criadas pelas imagens.