Arquitetura lusófona
Parque Rachel de Queiroz vence o prêmio Obra do Ano 2023
Por Redação - Em 04/04/2023 às 5:40 PM
Área verde e segura, academia ao ar livre e quadras para a prática de esportes em contato com a natureza são alguns dos atrativos do Parque Rachel de Queiroz, espaço público que deu vida nova ao bairro Presidente Kennedy e que acaba de vencer o prêmio Obra do Ano 2023, promovido pela plataforma de arquitetura ArchDaily, um dos maiores portais de arquitetura, urbanismo e design do mundo. O Parque concorreu com outras 14 obras finalistas ao prêmio, que celebra os melhores exemplos da arquitetura lusófona contemporânea.
A primeira etapa do Parque Rachel de Queiroz foi entregue pela Prefeitura de Fortaleza em fevereiro do ano passado. A obra foi realizada pela empresa Architectus S/S e faz parte do Programa Fortaleza Cidade Sustentável (FCS), que tem financiamento do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e é gerido pela Secretaria do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), ocorrendo em parceria com a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf).
“O prêmio espelha o reconhecimento do esforço da cidade em priorizar soluções baseadas na natureza, levando intervenções inovadoras e prioritárias para bairros que nunca antes haviam recebido esse tipo de benefícios. Antes, era uma área muito depreciada, com acúmulo de lixo, foco de doenças, mato. Uma área que alagava e trazia muitos problemas para a comunidade local. Era um não-lugar. Hoje, é um parque urbano, muito integrado à lógica da cidade”, afirma a titular da Seuma, Luciana Lobo.
Para a empresa responsável pelo projeto do Parque Rachel de Queiroz, o prêmio representa a “coroação” pelos 20 anos de dedicação a projetos públicos. “É a certeza de que estamos no caminho correto, propondo soluções inteligentes e inovadoras que impactam de forma positiva os meios urbano, social e ambiental”, afirma o sócio da Architectus e coordenador do projeto do Parque Rachel de Queiroz, Elton Timbó. Ele liderou a equipe de arquitetos envolvidos no projeto: Mariana Furlani, Alexandre Landim, Ricardo Sabóia, Gerson Amaral e Jaqueline Martinez.
O Parque Rachel de Queiroz possui 10 quilômetros de extensão e cerca de 203 hectares, sendo um dos maiores do Ceará. O espaço foi dividido em 19 trechos, dos quais seis já foram concluídos. A concepção do projeto de urbanização foi desenvolvida a partir do conceito de Parque Linear, utilizando o sistema viário existente como conexão entre suas áreas verdes que cortam diretamente oito bairros da Capital.
“Todos os 19 trechos do Parque margeiam recursos hídricos e áreas verdes plenamente possíveis de interligações e uso da população. O trecho 06 tem sido o mais visto e divulgado devido a sua característica de praça aberta, aplicação das wetlands (alagados construídos) e intenso uso da população. Atualmente, somente os trechos 01, 02, 03, 05 e 06 foram executados”, explica Timbó. “Acreditamos que a grande notoriedade desse pequeno trecho traga incentivos para conclusão do restante do Parque que, com certeza, se tornará um grande exemplo a nível mundial”, acrescenta.
Wetlands
Cortada pelo Rio Cachoeirinha, a área do Parque Rachel de Queiroz possuía alagamentos, acarretados também pela diminuição das áreas permeáveis no entorno, tendo em vista o processo de adensamento dessa região da cidade. Para solucionar o problema e reduzir a poluição, uma vez que o terreno também era depósito irregular de resíduos sólidos, o projeto tomou partido da condição natural do terreno e o transformou no ator principal da despoluição das águas que chegam até ele com altas cargas de poluição. “As wetlands (alagados construídos) com margens vegetadas, melhoram a qualidade dessas águas trazendo de volta a fauna e flora locais, além de dar à população um espaço qualificado para uso do lazer, esportes e contemplação”, afirma Timbó.
Ao todo, o Parque possui nove wetlands. Elas retêm a água por mais tempo, oferecendo condições para a recuperação da balneabilidade.
“É um parque diferente, multifuncional, que proporciona espaços de lazer e de saúde física e mental por meio de seus espaços livres, equipamentos esportivos e mobiliários, mas também atua no sentido de prevenir alagamentos ao mesmo tempo que limpa a água do Riacho Cachoeirinha por meio das lagoas de decantação”, reforça a titular da Seuma.
Para o coordenador do projeto, as wetlands compõem o grande diferencial da obra, que é a sustentabilidade. “O espaço também funciona como uma bacia de retenção de cheias, controlando as inundações que antes eram frequentes no local. A sustentabilidade também está no uso de madeira biossintética na construção do mobiliário e estruturas dos caramanchões. Além disso, toda a iluminação foi feita com luminárias LED”, diz.
Melhor Projeto de Urbanismo
Em março, o Parque Rachel de Queiroz venceu o prêmio de melhor Projeto de Urbanismo, também promovido pela plataforma Archdaily.
Mas o principal reconhecimento o Parque já havia recebido: o da população de Fortaleza. “A população adotou o lugar realmente como seu, o que é muito gratificante. Agora, receber esse Prêmio, amplia o alcance e reafirma a qualidade do projeto urbanístico e da obra consolidada”, finaliza Luciana Lobo.