Norma da Anvisa
Farmácias poderão realizar 47 tipos de exames de análises clínicas; setor estima crescimento de até 20%
Por Redação - Em 11/06/2023 às 1:56 PM
Do século XVI, quando surgiram as primeiras farmácias – ou boticas – no Brasil, até os dias de hoje, os produtos e serviços fornecidos à população por este setor avançaram e deram um importante passo na pandemia de covid-19, com a realização de testes rápidos de diagnóstico que mostraram a competência das farmácias na prestação desse tipo de serviço. A partir de 1º de agosto de 2023, um novo momento será iniciado para o setor, que passará a realizar 47 tipos de exames de análises clínicas que antes só eram feitos em laboratórios. A autorização para a prestação dos novos serviços foi concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início de maio e trouxe boas expectativas para o setor, que espera um incremento de dois dígitos no faturamento das farmácias com a ampliação do consultório farmacêutico.
“Isso é um reconhecimento por tudo que as farmácias prestaram de serviços durante a pandemia, com o consultório farmacêutico, um espaço criado para ser a porta de entrada para a triagem da saúde a partir de serviços rápidos de saúde, como o teste para diagnóstico da covid-19. Os órgãos reguladores, reconhecendo isso, entenderam que a farmácia pode avançar bastante nos serviços farmacêuticos. Isso é muito positivo para o setor e para a população. Com as novas opções agregadas ao rol de serviços das farmácias, acreditamos que haverá um incremento de até 20% no faturamento do setor e, automaticamente, haverá crescimento na demanda por contratação de profissionais”, avalia o diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Maurício Filizola.
Ele acredita que o avanço de mais de dois dígitos no faturamento das farmácias ocorra ainda neste ano, impulsionado pelo aumento do autocuidado e pela diversificação no leque de serviços prestados aos consumidores. “Esse avanço deve ocorrer por conta do autocuidado, que foi mais ativado na pandemia, e também devido à expectativa de vida sempre em crescimento, tornando o setor atrativo”, reforça o diretor da CNC.
Acesso
Para o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto, além de ampliar o leque de serviços prestados pelas farmácias, que estão constantemente avaliando novos modelos de negócios, a mudança vai permitir que mais pessoas tenham acesso aos serviços de saúde. “As farmácias poderão fazer todos os exames disponíveis em um determinado formato, que é o teste rápido. Hoje, são 47, mas amanhã poderão ser 50, 60 ou 70. Isso vai depender muito da evolução da tecnologia”, declara.
Ele lembra que a realidade da farmácia clínica, já comum em outras partes do mundo, chegou ao Brasil com a lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014, permitindo que o setor ampliasse sua atuação e tivesse relevante papel na pandemia de covid-19. “A partir dessa lei, pudemos instalar mais de seis mil salas nas farmácias da Abrafarma, capacitamos mais de 20 mil profissionais farmacêuticos e, durante a pandemia, mostramos a importância de ter esse equipamento instalado em todo o País, que é a farmácia a serviço da atenção básica e como porta de entrada do sistema de saúde”, afirma o presidente da Abrafarma, acrescentando que as farmácias realizaram cerca de 20 milhões de testes rápidos para covid-19 durante a pandemia.
Transformação
O representante do setor acrescenta ainda que a ampliação dos serviços nas farmácias será fundamental para transformar a saúde no Brasil, facilitando o acesso da população a exames de diagnóstico que podem prevenir o agravamento de doenças, melhorar a qualidade de vida da população e, consequentemente, reduzir os custos do setor público e da iniciativa privada com o tratamento e internações.
“É a possibilidade de mudar a face da saúde brasileira. Hoje, uma parcela de aproximadamente 70% da população brasileira simplesmente não vai ao sistema de saúde. A gente pode começar a fazer isso nas farmácias. Será transformador na saúde brasileira, uma vez que dará mais acesso à população a esses exames e permitirá, por exemplo, medir a efetividade do tratamento”, avalia Sérgio Mena Barreto.
Preços
Um dos maiores grupos farmacêuticos do País, a Pague Menos & Extrafarma também recebeu com otimismo a aprovação da Anvisa para a ampliação dos exames clínicos laboratoriais. O grupo, que está presente em todas as unidades da federação e possui mais de 1.600 lojas, sendo 283 apenas no Ceará, já conta com um leque diversificado de serviços de saúde prestados aos consumidores, incluindo desde testes rápidos à aplicação de brincos e administração de medicamentos.
Conforme a Pague Menos, o grupo conta com mais de 1.200 consultórios farmacêuticos em todo o Brasil, contribuindo para ampliar o acesso a serviços de saúde. Além da praticidade de acesso aos serviços para os consumidores, os preços acessíveis são destacados pelo grupo como um facilitador para que a população pratique o autocuidado.
“A Pague Menos & Extrafarma já oferece serviços essenciais de saúde há quase dez anos, com o objetivo de torná-los acessíveis à população e garantir, principalmente, atendimento para aqueles que não possuem assistência médica – como é o caso de 77% dos brasileiros, de acordo com dados do IBGE. São mais de 1.200 consultórios farmacêuticos em todo o país, com salas exclusivas para atendimento de saúde primária e que, indiretamente, auxiliam a desafogar o SUS”, destaca.
Exames
Atualmente, as farmácias brasileiras só podem realizar dois tipos de exames de análises clínicas, que são aqueles que necessitam de uma amostra de fluidos do organismo, como sangue, urina e secreções. Com a mudança realizada pela Anvisa, que justificou a decisão com base nos avanços tecnológicos ocorridos na área, as farmácias brasileiras poderão realizar, além dos testes de glicemia e de covid-19, os exames de beta h-CG, dengue, HIV, zika vírus, toxoplasmose, colesterol, hepatite e malária, dentre outros.
Conforme a Anvisa, os avanços tecnológicos ocorridos na área tornaram possível a ampliação desse tipo de serviço para as farmácias, que hoje têm autorização para realizar apenas dois tipos de exames de análise clínica: teste de glicemia e teste para diagnóstico rápido de covid-19.
A nova norma da Anvisa também libera a realização de análises clínicas em consultórios. A Agência lembra, contudo, que esses exames são em caráter de triagem, para uma primeira identificação da doença, mas não substituem o diagnóstico do laboratório convencional.