economia do mar
Fortaleza participa de evento na China e fortalece nova rota para o desenvolvimento econômico
Por Redação - Em 05/08/2023 às 12:32 AM
Embalados pelas ondas do mar que banha Fortaleza, os turistas ocupam a capital, os pescadores enchem suas redes, os barcos transportam cargas valiosas e outros elos de uma vasta cadeia produtiva se unem na chamada economia do mar, cuja rota leva ao desenvolvimento socioeconômico e abre caminhos para um futuro promissor. Focada em desenvolver e fortalecer essa economia, que hoje gera cerca de quatro mil empregos no Ceará, conforme estudo do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a Prefeitura de Fortaleza criou, em junho de 2023, a Agência de Desenvolvimento da Economia do Mar (AdemFor) e firmou, em maio, acordo de cidade-irmã com Xiamen, na China, onde uma comitiva local participou, em julho, do Seminar on High-Quality Development of Marine Economy, realizado pelo Centro de Inovação da Parceria do Brics para a Nova Revolução Industrial.
A convite do Brics, Fortaleza foi representada no evento pelo secretário executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Erick Vasconcelos, e pelo assessor do gabinete do prefeito José Sarto, Marcelo Pinheiro, que deverá assumir o cargo de superintendente adjunto da AdemFor. Também participou do seminário a analista da área de Negócios da ZPE Ceará no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, Leilyanne Viana. Os três foram os únicos representantes brasileiros no evento que reuniu 27 emergentes, todos de olho no grande potencial da economia do mar, que deverá crescer para US$ 3 trilhões até 2030, segundo projeção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
“O Brasil foi o único país a contar com três participantes. Todos os demais países tiveram apenas um representante. Durante o seminário, tivemos trocas de conhecimentos entre os 27 países participantes sobre a economia do mar e visitas de campo a empreendimentos que transformaram a economia de Xiamen. Um dos pontos altos foi a visita à Wuyuan Bayand Marine, uma marina construída pelos chineses que transformou uma área antes desvalorizada e degradada na região com o metro quadrado (m²) mais valorizado de Xiamen. Também conhecemos o Xiamen Hairun Container Terminal, um terminal de contêineres totalmente automatizado, além do Centro de Inovação do Brics. Esses três locais são apenas algumas das experiências bem-sucedidas nas quais Fortaleza pode se inspirar para desenvolver e fortalecer a economia do mar”, destaca Erick Vasconcelos, acrescentando que o grupo também visitou o centro de ciência e tecnologia do mar de Xiamen e empresas pesqueiras da região.
Conhecimento compartilhado
A experiência da China na pesca, por exemplo, uma das atividades que integram a economia do mar, pode ensinar muito a Fortaleza sobre o caminho a ser percorrido para o crescimento acelerado e sustentável. A rota traçada pela China nessa área inclui pesquisa, inovação e parceria com universidades para ampliar os conhecimentos científicos que hoje o país está disposto a compartilhar com o mundo.
“A China tem uma economia pesqueira pujante. Além da atividade econômica da pesca em si ser muito forte, há uma estreita e presente relação com as universidades, o que confere uma ampla bagagem de pesquisa e desenvolvimento em toda a cadeia da pesca chinesa. A partir desse seminário, há um bom contato com players do setor que se mostraram dispostos a dividir conhecimento com Fortaleza”, afirma Marcelo Pinheiro.
Inovação
O secretário executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Fortaleza ratifica a importância da pesquisa e desenvolvimento para dar rumos mais prósperos à economia do mar na capital e enfatiza a necessidade de estreitar laços com parceiros internacionais dos setores público e privado.
“A palavra de ordem é inovação. Os chineses estão de olho nas oportunidades. Quem estiver preparado para receber as novas tecnologias, possuir um ambiente ideal para aquele negócio e, o mais importante, portas abertas com eles, sairá na frente. No último dia do seminário, recebemos cinco empresários de diferentes áreas de atuação oferecendo seus produtos e abertos para negócios”, conta Erick Vasconcelos.
Potencial a ser explorado
Com cerca de 34 quilômetros de litoral, Fortaleza tem em atividades ligadas ao mar, como turismo e pesca, algumas das suas principais fontes de riqueza, mas ainda há um grande potencial a ser explorado.
“Fortaleza é um grande exportador de pescados. Os esportes náuticos impulsionados pelos ventos também são fortes em Fortaleza. Falando na área industrial, pode-se levar em consideração a inovação dos portos, criação de terminais para despesca (portos de despesca), uma maior fiscalização com o nosso pescado, energias renováveis offshore, criação de pescados (maricultura) para exportação, indústria naval, produção de barcos de pesca etc. Mais ousado seria a criação de uma marina turística, transformando uma área degradada da cidade no metro quadrado mais valorizado, assim como ocorreu em Xiamen”, diz Erick Vasconcelos.
Pioneirismo
O secretário executivo lembra ainda que a criação da AdemFor foi um passo importante para explorar as potencialidades da capital nas atividades econômicas relacionadas ao mar. A iniciativa é pioneira no Brasil e deverá ter grande contribuição para o avanço da economia do mar em Fortaleza e no Ceará como um todo. “Com a criação da Agência, inédita no Brasil, iremos focar nesse tema. Hoje, apenas 5% dos oceanos são mapeados. Então, a economia do mar é uma discussão relativamente nova, mas é uma área muito abrangente, pois inclui atividades como esportes náuticos, pesca, energias renováveis, turismo (navios, escunas, passeios etc.), hidrogênio verde e muitas outras”, afirma.
“O propósito da AdemFor é exatamente coordenar as ações da economia do mar, aprimorar o diálogo com os segmentos da área, inovar em soluções na costa de Fortaleza e trazer mais integração para os projetos turísticos, econômicos, culturais e esportivos da Prefeitura de Fortaleza”, acrescenta Marcelo Pinheiro.
Próximos passos
Além de conhecerem exemplos bem-sucedidos de exploração sustentável da economia do mar e inovações tecnológicas para o setor, os participantes do seminário na China também tiveram a oportunidade de se aproximar de outros países, abrindo possibilidades para futuras parcerias. “Um dos legados do evento foi o network que fizemos durante o seminário com os representantes dos países que estavam no evento. Esse contato ultrapassou os dias do seminário, pois foram criados grupos em aplicativos de mensagens para que o network seja fortalecido e a troca de experiências seja contínua. Esses espaços também podem abrir oportunidades para futuros negócios com a China e com outros países”, avalia Erick Vasconcelos.
O secretário adjunto também acredita que o evento pode aproximar ainda mais Fortaleza de Xiamen, que deverá ser convidada a participar de um evento internacional realizado pela Prefeitura de Fortaleza em setembro de 2023. “Além disso, algumas empresas que conhecemos na China virão ao Brasil para alguns eventos e nós as convidaremos para uma visita de campo em Fortaleza. O objetivo é apresentar as potencialidades da cidade e atrair investimentos. Então, podemos dizer que o maior legado do seminário foi o relacionamento que construímos com empresas e governos da China e de outros países”, afirma.