Lula reafirmou também a posição de restringir, no acordo, o acesso a compras governamentais FOTO: Ricardo Stuckert

Em negociação há mais de duas décadas, o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia foi o tema do telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, ocorrido na manhã desta sexta-feira (3). A conversa durou cerca de 30 minutos e abordou principalmente a necessidade de acelerar a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Uma nova rodada de negociações deverá ocorrer na próxima semana.

Ambos concordaram que a presidência simultânea do Brasil no Mercosul e da Espanha no Conselho Europeu representam oportunidade para que o acordo seja finalizado. O presidente Lula voltou a criticar as exigências adicionais colocadas pela União Europeia na área ambiental. Ressaltou, nesse sentido, os avanços em prática no país para a transição energética – 80% da matriz energética brasileira é limpa – e que o Brasil tem enfrentado graves efeitos das mudanças climáticas, como a atual seca na Amazônia. Nesse sentido, lembrou que o Brasil deverá levar à COP28, em Dubai, uma proposta comum com os demais países com grandes reservas florestais tropicais.

Lula reafirmou também a posição de restringir, no acordo, o acesso a compras governamentais, particularmente em função da necessidade de reindustrialização do Brasil e demais países do bloco sul-americano. Frisou ainda que o Congresso brasileiro acaba de aprovar o ingresso da Bolívia no Mercosul.

O presidente Sánchez demonstrou concordância com a necessidade de acelerar a finalização do acordo e que ele deve se basear em uma relação de confiança mútua. Salientou, nesse sentido, a disposição demonstrada pela Comissão Europeia e se predispôs a manter novas conversas em alto nível com vistas a concluir o acordo com brevidade.

O presidente Lula convidou Sánchez para uma visita ao Brasil, o que ele respondeu ter interesse em fazer tão logo quanto possível.