durante Governo Bolsonaro
Investigação da Polícia Federal revela uso indevido de ferramentas de espionagem pela Abin
Por Redação IN Poder - Em 11/07/2024 às 2:51 PM
A Polícia Federal revelou que agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) utilizaram ferramentas de espionagem para monitorar autoridades do Judiciário, Legislativo, Receita Federal e figuras públicas, como jornalistas, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). A investigação, que faz parte da Operação Última Milha, aponta para o uso indevido da Abin para fins pessoais e políticos.
A decisão de 86 páginas do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a nova fase da operação. Moraes destaca que as investigações indicam a utilização dos recursos da Abin para monitorar ministros do STF e seus familiares, senadores e deputados federais, com o objetivo de obter vantagens políticas.
Quatro pessoas foram detidas nesta quinta-feira: Mateus Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social da Presidência; Giancarlo Gomes Rodrigues, ex-servidor da Abin; Marcelo de Araújo Bormevet, policial federal; e Richards Dyer Pozzer, responsável por disseminar notícias falsas. Rogério Beraldo de Almeida, também envolvido na criação de perfis falsos, permanece foragido.
O monitoramento foi realizado por meio da invasão de dispositivos e computadores, utilizando a ferramenta First Mile, adquirida da empresa israelense. Esta tecnologia permite o monitoramento de dispositivos móveis sem a necessidade de autorização judicial ou interferência das operadoras de telefonia. A Abin adquiriu o programa durante a gestão de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da agência no governo Bolsonaro.
A operação visava atrapalhar investigações da Polícia Federal e da Receita Federal, além de desacreditar o processo eleitoral. Entre os alvos monitorados estavam ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, parlamentares como Arthur Lira e Rodrigo Maia, e jornalistas como Mônica Bergamo e Vera Magalhães.
As investigações também revelaram que outras ferramentas e recursos da Abin, como drones e viaturas, foram utilizados para monitorar adversários políticos. Conversas entre Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet mostraram a operação direta do First Mile, enquanto servidores do gabinete da Presidência disseminavam desinformação sobre as autoridades monitoradas, em uma ação conhecida como “gabinete do ódio”.
A Procuradoria-Geral da República destacou que as pesquisas feitas no programa coincidiam com diálogos entre os agentes da Abin. A PF também apontou operações da Abin para beneficiar o senador Flavio Bolsonaro, buscando prejudicar auditores da Receita Federal envolvidos na investigação das rachadinhas.
A Polícia Federal dividiu a organização criminosa em cinco núcleos, incluindo a alta-gestão, subordinados, evento portaria 157, e tratamento log. Entre os membros identificados estão Alexandre Ramagem e Carlos Afonso Gonçalves, que utilizavam o sistema First Mile para monitorar alvos e criar narrativas falsas.
Este escândalo ressalta o desvio de finalidade das operações de inteligência no governo Bolsonaro, com a Abin sendo instrumentalizada para interesses políticos e pessoais, comprometendo a integridade das instituições públicas brasileiras.