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Em pronunciamento no Plenário do Senado, o senador Eduardo Girão (Novo) manifestou sérias preocupações quanto à possível aprovação do Projeto de Lei (PL 2.234/2022), que autoriza o funcionamento de bingos e cassinos no Brasil e regulariza outras modalidades de jogos de azar, como o jogo do bicho. O parlamentar destacou o uso das casas de apostas pelo crime organizado para lavagem de dinheiro, sublinhando a necessidade de uma reavaliação cuidadosa sobre o apoio à legalização.

Girão fez um apelo aos seus colegas senadores para que o tema seja amplamente debatido, especialmente devido ao impacto potencialmente adverso sobre as camadas mais vulneráveis da sociedade. “Que se sensibilizem as lideranças desta Casa para que possamos levar o debate desse PL para outras comissões, para que possamos ouvir a sociedade nesse projeto, que vai gerar para as futuras gerações um problema gravíssimo. E o Brasil não precisa de nada disso para ser potência do mundo. Muito pelo contrário. [O jogo] não gera renda, não gera emprego, não gera turismo. Mostramos isso na audiência pública que já tivemos na CCJ e no debate”, reforçou, sugerindo que o projeto seja enviado para as comissões de Segurança Pública (CSP) e de Assuntos Econômicos, entre outras.

O senador destacou o endividamento crescente dos brasileiros, enfatizando uma “tragédia humana” associada às casas de apostas esportivas. Citando dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, Girão apontou que 63% dos apostadores comprometem parte de sua renda, deixando de adquirir itens essenciais como roupas, alimentos e medicamentos. Ele também mencionou que benefícios sociais, como o Bolsa Família, estão sendo utilizados para apostas.

“Já temos aí R$ 100 do Bolsa Família comprometidos com aposta esportiva. Quem é que recebe o Bolsa Família? São as pessoas, as famílias mais vulneráveis. E aí, a gente vê esse tipo de inversão de valores no Brasil”, afirmou o senador.

Girão criticou a postura do presidente Lula, destacando uma suposta incoerência na questão. Apesar de ter proibido os bingos no país em seu primeiro mandato, Lula agora acena com a possibilidade de sancionar uma lei que libera os cassinos, mesmo sendo contra os jogos de azar. “A população não quer cassino, não quer bingo, porque sabe que você perde tudo; é uma arapuca, é uma armadilha. E vão lavar dinheiro de corrupção. Vão lavar dinheiro do crime. O Brasil já tem problemas demais”, concluiu Girão.