APONTA CNI
Taxa de câmbio vira uma das principais preocupações da indústria
Por Redação - Em 22/07/2024 às 10:43 AM
No segundo trimestre de 2024, a taxa de câmbio emergiu como um desafio significativo para 19,6% das empresas industriais, revela a mais recente Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esse problema saltou da 17ª para a 4ª posição no ranking dos principais obstáculos enfrentados pelo setor. A pesquisa destaca que a elevada carga tributária lidera as preocupações, com 35,5% das menções, seguida pela demanda interna insuficiente, com 26,3%, e pela falta ou alto custo da matéria-prima, com 23,1%.
Além disso, os empresários observaram um aumento significativo e generalizado nos preços médios dos insumos ao longo do segundo trimestre. O índice subiu de 56,8 pontos para 61,3 pontos, marcando o maior patamar desde o segundo trimestre de 2022 (66,9 pontos), período em que a indústria enfrentava desafios na cadeia de fornecimento devido à pandemia de Covid-19.
O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, explica que a valorização da taxa de câmbio contribui significativamente para essa percepção de pressão crescente sobre os preços. “Por esse motivo, a questão ganhou relevância entre os principais desafios enfrentados pelos empresários. Simultaneamente, o alto custo da matéria-prima consolidou-se no terceiro lugar do ranking. Este cenário é alarmante, pois impacta diretamente a produtividade e a competitividade dos produtos brasileiros”, afirma.
Os índices que avaliam as condições financeiras das indústrias mostraram variações discretas na transição de trimestres. O índice de satisfação com a situação financeira avançou 0,8 ponto, atingindo 50,3 pontos, cruzando a linha divisória dos 50 pontos e indicando uma mudança de insatisfação para satisfação. Enquanto isso, o índice de satisfação com o lucro subiu de 44,4 pontos para 45 pontos. O índice de facilidade de acesso ao crédito permaneceu praticamente estável, com uma variação de -0,2 ponto, atingindo 41,3 pontos.
Estoques abaixo do planejado
O índice de evolução do nível de estoques caiu de 48,9 pontos para 48,2 pontos em junho de 2024. Adicionalmente, o índice de estoques efetivo em relação ao planejado foi de 49,2 pontos para 48,6 pontos. Isso indica que os estoques de produtos acabados estão bem abaixo do planejado pelas empresas.
“Os industriais vão precisar trabalhar mais, produzir mais, para recompor os estoques e atender a demanda do mercado”, afirma Azevedo.
Produção recuou, mas emprego segue estável
Assim como em maio, a produção industrial segue abaixo da linha de 50 pontos, que indica queda. O indicador saiu de 47,4 pontos, em maio, para 48,7 pontos, em junho, e mostra um recuo menor e menos disseminado.
Já o número de empregados da indústria ficou estável na passagem de maio para junho, o que foge do usual para o período, que costuma registrar queda no número de empregados. O índice de evolução do número de empregados ficou em 50 pontos e indica um mês melhor para o mercado de trabalho industrial do que em 2023, quando o índice estava em 48,6 pontos.
Expectativas
O índice de expectativa de demanda avançou de 56,4 pontos para 57,7 pontos; o de expectativa de compras de insumos aumentou de 54,7 pontos para 55,9 pontos; e o de número de empregados avançou de 51,8 pontos para 52,6 pontos. Apenas o índice de expectativa de exportação permaneceu em 52,8 pontos.
A intenção de investimento da indústria brasileira ficou estável entre junho e julho, ao variar de 57,4 pontos para 57,3 pontos. Ainda assim, essa intenção de investir está em um patamar elevado frente à média histórica de 52 pontos e tem seguido estável em torno desse patamar ao longo do ano.