POLÍTICA MONETÁRIA

Lula diz que próximo presidente do BC precisará de compromisso com o povo e coragem para cortar juros

Por Redação - Em 17/08/2024 às 10:02 PM

Lula Foto Agência Brasil.web

“A pessoa que eu vou indicar deve ter muito caráter, seriedade e responsabilidade”, disse Lula FOTO: Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o próximo presidente do Banco Central (BC) precisará de “compromisso com o povo brasileiro” e “coragem” para ajustar a Selic conforme necessário, inclusive se for preciso aumentar a taxa básica de juros. A declaração foi feita nessa sexta-feira (16), em uma entrevista à Rádio Gaúcha. O mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina em dezembro, e o governo já está preparando a indicação de um novo nome. Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária da autarquia, é o mais cotado para o cargo.

“A pessoa que eu vou indicar deve ter muito caráter, seriedade e responsabilidade. Não deve favores ao presidente da República. A indicação será de alguém que tenha compromisso com o povo brasileiro, que tenha coragem para reduzir ou aumentar a taxa de juros conforme a situação exigir”, declarou Lula.

O presidente também criticou o atual patamar da Selic, de 10,5% ao ano, que considera elevado. “Embora levemos em conta a autonomia do Banco Central, é importante lembrar que o Banco Central deve ao povo brasileiro”, enfatizou Lula. Ele expressou esperança de que as taxas de juros possam começar a cair e mencionou a possibilidade de uma redução das taxas nos Estados Unidos, que poderia atrair mais capital estrangeiro para o Brasil, influenciando a taxa de câmbio e a inflação.

Questionado sobre a possível indicação de Galípolo, Lula não confirmou se ele será o escolhido. “Antes de fazer a indicação, pretendo conversar com o presidente do Senado e o presidente da comissão de Assuntos Econômicos para garantir que as indicações sejam votadas rapidamente, evitando especulações políticas prolongadas”, explicou.

Lula também afastou a ideia de que haja um problema pessoal com Campos Neto. “O problema não é pessoal; ele não me desagradou, mas desagradou ao País e ao setor produtivo”, afirmou.

Campos Neto

Em resposta, Roberto Campos Neto declarou que o Comitê de Política Monetária (Copom) está preparado para tomar todas as medidas necessárias para garantir que a inflação converja para a meta, incluindo a possibilidade de aumentar a Selic. “Não estamos dando um ‘guidance’ específico, mas faremos o que for necessário para levar a inflação à meta. Se aumentar os juros for necessário, nós aumentaremos”, disse Campos Neto em um evento em São Paulo.

Na última segunda-feira, 12, Gabriel Galípolo já havia indicado que a elevação das taxas “está na mesa” do Copom.

Mais notícias

Ver tudo de IN Business