CONSUMIDORES BRASILEIROS

Cresce a inadimplência devido a apostas on-line, aponta CNC

Por Redação - Em 20/09/2024 às 2:19 PM

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Segundo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, as apostas comprometem uma parte significativa do orçamento familiar, levando à inadimplência e à redução do consumo de bens essenciais

No primeiro semestre de 2024, mais de 1,3 milhão de brasileiros se tornaram inadimplentes devido a apostas em cassinos on-line, conforme dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade aponta que o uso do cartão de crédito nessas plataformas de jogos tem sido frequente, contribuindo para o aumento das contas em atraso.

Entre junho de 2023 e junho de 2024, os brasileiros gastaram R$ 68 bilhões em jogos, representando 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Esse valor indica que 22% da renda disponível das famílias foi destinado às apostas, resultando em consequências econômicas e sociais.

O público jovem e de baixa renda é o mais afetado. Segundo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, as apostas comprometem uma parte significativa do orçamento familiar, levando à inadimplência e à redução do consumo de bens essenciais. Tavares alerta que esse fenômeno pode agravar a pobreza e a desigualdade, uma vez que muitos utilizam recursos destinados a necessidades básicas para apostar.

Em decorrência desse cenário, a CNC revisou para baixo sua projeção de crescimento do comércio varejista para 2024, passando de 2,2% para 2,1%. A entidade estima que o comprometimento da renda familiar com apostas pode reduzir em até 11,2% a atividade varejista, representando uma perda de R$ 117 bilhões no faturamento anual do setor.

A aprovação da Lei nº 13.756, em 2018, que autorizou as apostas esportivas, impulsionou o mercado de apostas on-line, incluindo cassinos virtuais, sem a devida regulamentação. A CNC afirma que o aumento descontrolado das apostas tem redirecionado o consumo familiar de bens e serviços essenciais para jogos de azar.

O vice-presidente financeiro da CNC, Leandro Domingos Teixeira Pinto, ressalta que o crescimento do volume de apostas está ligado à perda de poder de compra das famílias, afetando a economia do país. A entidade observa que, mesmo com a taxa de juros mais baixa e a massa salarial em alta, a inadimplência tem aumentado ao longo de 2024.

A CNC calcula que um aumento de um ponto porcentual nos gastos com apostas resulta em um avanço de 0,118 ponto porcentual na proporção de famílias com dívidas. Com um crescimento de 257% no fluxo de recursos destinados a apostas desde o fim de 2022, a projeção é que 191 mil novas famílias enfrentem a inadimplência.

A CNC manifestou apoio à regulamentação de cassinos físicos, que poderia gerar até 1 milhão de empregos e R$ 22 bilhões em arrecadação anual para o governo. A entidade destaca que modalidades de apostas, como o “Jogo do Tigrinho”, popular entre mulheres, apresentam riscos sociais, uma vez que parte desse público é beneficiário de programas sociais e responsável por suas famílias.

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