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Duas entidades médicas do Ceará, a Associação Cearense de Ginecologia e Obstetrícia (Socego) e a Associação Cearense de Médicos de Família e Comunidade (ACEMFC), emitiram uma nota conjunta nesta quarta-feira (23) em repúdio às declarações da candidata a vice-prefeita de Fortaleza, Alcyvania Pinheiro (PL). Em vídeo recente, Alcyvania afirmou que cartilhas estariam sendo distribuídas em postos de saúde para ensinar mulheres a abortar em casa e que hospitais municipais realizariam abortos, mesmo contra a lei.

As associações classificaram as afirmações como graves e alegaram que elas representam uma tentativa de difamar a categoria médica. Na nota, as entidades reforçam que o aborto é permitido por lei em apenas três situações específicas no Brasil: risco à vida da gestante, gravidez resultante de estupro e casos de anencefalia. Qualquer outra prática fora dessas condições é ilegal.

As entidades também destacaram que as acusações feitas pela candidata não têm base em fatos e que sua disseminação pode prejudicar o acesso de mulheres a serviços de saúde legalmente garantidos. As associações consideraram a fala um ataque à categoria médica e afirmaram que a difusão de informações inverídicas pode gerar desinformação, colocando em risco a saúde de meninas e mulheres.

O vídeo da candidata gerou ampla repercussão, especialmente pelo tom adotado em relação ao combate ao aborto. Alcyvania, que compõe a chapa de André Fernandes (PL) para a Prefeitura de Fortaleza, declarou ser intransigente na defesa da vida e prometeu endurecer as ações contra práticas abortivas na cidade, mesmo reconhecendo que o tema não é de competência municipal.

A nota de repúdio conclui reafirmando o compromisso das entidades médicas com a saúde e a ética, e pede que o debate político não seja usado como instrumento para a propagação de informações incorretas que possam comprometer o atendimento à saúde reprodutiva feminina.