O aumento, que triplicou as tarifas—de 11,2% para 35% para cabos ópticos e de 9,6% para 35% para fibras—vale por seis meses e se aplica a todas as importações FOTO: Freepik

Uma disputa entre fabricantes de fibra óptica está se intensificando no Brasil, com potencial para impactar os preços da internet. O Comitê Executivo de Gestão (Gecex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) decidiu aumentar a alíquota de importação de fibras e cabos ópticos, em resposta a um pedido de investigação sobre práticas de dumping por exportadores chineses. O aumento, que triplicou as tarifas—de 11,2% para 35% para cabos ópticos e de 9,6% para 35% para fibras—vale por seis meses e se aplica a todas as importações.

As multinacionais Prysmian (Itália), Furukawa (Japão) e Cablena (México), que operam no Brasil, foram as responsáveis pela solicitação de investigação. Elas alegam que produtos chineses estão sendo vendidos a preços baixos, prejudicando a produção local. A Prysmian afirmou que a fibra importada custa US$ 2,50 por quilômetro, enquanto o custo de produção no Brasil chega a cerca de US$ 6. A empresa vê a elevação da alíquota como uma medida necessária para proteger sua operação no Brasil, que inclui uma fábrica em Sorocaba (SP).

As operadoras de internet reagiram negativamente à decisão. Representantes do setor expressaram preocupações de que o aumento das tarifas de importação afetará os custos de implementação e manutenção das redes de fibra óptica. Mauricélio Oliveira Júnior, presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), alertou que essa decisão pode resultar em aumento de preços para os consumidores e dificultar investimentos no setor.

A Conexis, que representa empresas como Vivo e Claro, também se posicionou contra a medida, argumentando que o encarecimento das fibras comprometerá o acesso a serviços e a expansão da conectividade no Brasil. O consultor Eduardo Tude, da Teleco, acredita que, embora não haja uma alta imediata nos preços, o impacto será sentido assim que os estoques se esgotarem e novas importações forem feitas.