FAZENDA

Haddad critica postura antiglobalização dos EUA e fala sobre possíveis reações do Brasil à vitória de Trump

Por Redação - Em 18/11/2024 às 9:21 AM

Ministro Fernando Haddad Foto Agência Brasil

O ministro também destacou o “temor” global em relação às possíveis consequências do discurso eleitoral de Trump FOTO: Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a “postura antiglobalização” dos Estados Unidos tem gerado “efeitos perversos” e ressaltou a dificuldade de prever as medidas que o Brasil tomará em resposta à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas. A declaração foi feita em entrevista à emissora CNBC, gravada na sexta-feira (15) e exibida no domingo (17).

Haddad comentou a mudança de posição dos Estados Unidos em relação à globalização, um processo que foi inicialmente promovido pelo país nas décadas de 1980, com o apoio de políticas como o Consenso de Washington. Segundo o ministro, após a ascensão de novos atores globais, como a China, os Estados Unidos adotaram uma postura mais restritiva. “Agora, como eles não levaram a melhor, não deu o resultado que eles esperavam, porque surgiram novos atores, sobretudo a China, eles estão em uma postura antiglobalização agora”, afirmou.

A postura dos EUA, na visão de Haddad, tem causado impactos negativos, especialmente no que diz respeito à política interna e aos efeitos sociais. Ele mencionou a deportação de trabalhadores, a taxação de importações e a isenção de impostos para os super-ricos como exemplos de medidas que podem agravar ainda mais o cenário social americano. “São três medidas em um contexto de um déficit público elevado e uma inflação já sob controle, mas que ainda inspira cuidados”, observou.

O ministro também destacou o “temor” global em relação às possíveis consequências do discurso eleitoral de Trump, especialmente em relação às promessas de políticas protecionistas, como a construção de um muro na fronteira com o México. No entanto, Haddad ponderou que há uma diferença entre as promessas de campanha e as ações efetivas do governo. “A gente sabe. O tal do muro entre os Estados Unidos e a China ficou no papel”, afirmou, sugerindo que as condições reais da governança podem moderar as propostas mais radicais.

Por fim, Haddad afirmou que, diante do cenário atual, o Brasil reagirá de forma prática, baseando suas ações nas medidas concretas que forem adotadas pelo governo americano, e não apenas nas promessas eleitorais. “Eu suponho, com alguma razão, que a vida real acaba moderando esse tipo de arroubo eleitoral. Então, vamos ver o que de fato vai acontecer e vamos reagir concretamente, e não abstratamente”, concluiu.

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