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Brasil pode dobrar exportação de carne bovina para a União Europeia com acordo de livre comércio
Por Redação - Em 09/12/2024 às 11:25 AM

Atualmente, o Brasil exporta cerca de 5% de sua produção de carne bovina para a Europa FOTO: Agência Brasil
O Brasil tem a possibilidade de mais que dobrar suas exportações de carne bovina para a União Europeia com a formalização do acordo de livre comércio entre o Mercosul e o bloco europeu. A estimativa, ainda preliminar, foi apresentada pela consultoria Agrifatto.
Atualmente, o Brasil exporta cerca de 5% de sua produção de carne bovina para a Europa, e com o acordo, esse número pode atingir 12% ou 13%, conforme informou a CEO da Agrifatto, Lygia Pimentel.
O acordo prevê que o Mercosul poderá exportar até 99 mil toneladas de carne bovina com peso de carcaça para a União Europeia, sendo 55% do volume na forma resfriada e 45% congelada, com uma alíquota de 7,5%. Esse volume será alcançado em seis etapas progressivas.
Uma das principais mudanças é em relação à Cota Hilton, atualmente com limite de 10 mil toneladas e alíquota de 20%. Com o novo acordo, a cota será isenta de tarifas assim que o tratado entrar em vigor. O Brasil, que já atende 86% da demanda europeia, deverá manter sua liderança dentro do Mercosul, segundo Pimentel.
A CEO ressaltou que o Brasil tem capacidade para atender à nova cota, mesmo com as exigências do acordo. No entanto, ela também apontou que a assinatura do tratado, aguardada há mais de 20 anos, trará vantagens para o setor pecuário e a indústria de proteínas brasileiras, mas também desafios regulatórios. Entre os pontos mais sensíveis está a questão do desmatamento legal, que, de acordo com Pimentel, é frequentemente mal interpretado no exterior.
Ela criticou a imposição de restrições ao desmatamento de 2021 em diante, argumentando que isso distorce a realidade das leis ambientais brasileiras. “Quando dizem que o desmatamento de 2021 para frente não será aceito, parece que o Brasil queria desmatar indiscriminadamente. Mas temos uma legislação extremamente exigente, que prevê limites claros, como manter 80% de áreas preservadas na Amazônia”, disse Pimentel, também criticando o que considerou como protecionismo europeu.
Apesar das críticas, Pimentel acredita que o impacto do acordo será positivo para o Brasil. “A Europa sempre foi um bom pagador, e o acordo ajuda a reduzir a dependência do mercado chinês. No entanto, o aumento nas exportações será limitado, pois a cota é pequena e o volume exportado crescerá de forma gradual”, ponderou.
Até outubro de 2024, o Brasil já havia exportado 66.439 toneladas de carne bovina para a União Europeia, de acordo com dados do Agrostat, sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro.
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Conselheira do TCE-CE
