David Lynch – Foto: Frederick M. Brown / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

O cineasta David Lynch faleceu nesta quinta-feira (16), aos 78 anos. Responsável por obras como Cidade dos Sonhos (2001), Veludo Azul (1986) e a série cult Twin Peaks, Lynch redefiniu o cinema com sua narrativa que desafiava convenções e mergulhava no surrealismo. Ao longo de sua carreira, recebeu quatro indicações ao Oscar e consolidou-se como um dos diretores mais influentes de sua geração.

A trajetória de Lynch começou na pintura, mas foi com o cinema que ele encontrou sua verdadeira vocação. Seu primeiro longa-metragem, Eraserhead (1977), tornou-se um clássico cult, abrindo portas para produções que mesclavam o sombrio e o desconcertante. Com O Homem Elefante (1980), estrelado por John Hurt e Anthony Hopkins, o diretor conquistou oito indicações ao Oscar, incluindo melhor direção e roteiro adaptado. Após o controverso Duna (1984), Lynch voltou a brilhar com Veludo Azul e recebeu o prêmio máximo em Cannes por Coração Selvagem (1990).

Na televisão, Lynch revolucionou com Twin Peaks, série que marcou a cultura pop ao explorar mistérios psicológicos em um cenário aparentemente comum. A produção deu origem ao filme Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992) e, 25 anos depois, a uma temporada de retorno. Para Lynch, as fronteiras entre cinema e TV nunca foram rígidas, permitindo que seu estilo visual e narrativo transcendesse formatos.

Além de diretor, Lynch era um pensador. Adepto da meditação transcendental desde os anos 1970, ele creditava à prática o equilíbrio e a criatividade que alimentavam suas obras. “A intuição é o principal instrumento de um artista. Um set de filmagem deve ser um lugar feliz, onde a criatividade floresça sem medo”, afirmou durante sua vinda ao Brasil, em 2008, para divulgar o livro Em Águas Profundas – Criatividade e Meditação.