A expectativa para a taxa de juros em 2025 permanece em 15%, com uma redução gradual para 12,50% em 2026 FOTO: Agência Brasil

A pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central, revelou que analistas do mercado elevaram suas projeções para a inflação brasileira ao final deste ano e do próximo, enquanto ajustaram ligeiramente as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, as expectativas para a taxa Selic e o dólar permaneceram inalteradas, refletindo uma estabilidade nas previsões para esses indicadores.

A previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, passou de uma alta de 5,51% para 5,58% ao final de 2025. Esta marca representa o 17º aumento consecutivo nas projeções de inflação, evidenciando uma preocupação crescente com a trajetória dos preços no país. Para 2026, os analistas estimam uma inflação de 4,30%, ligeiramente acima dos 4,28% previstos na semana anterior. Vale lembrar que a meta do Banco Central é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Em relação à taxa básica de juros, a Selic, a pesquisa indicou estabilidade nas previsões. A expectativa para a taxa de juros em 2025 permanece em 15%, com uma redução gradual para 12,50% em 2026.

O crescimento da economia brasileira também foi ajustado, com os economistas revisando para baixo as estimativas de expansão do PIB. A previsão de crescimento para 2025 foi reduzida de 2,06% para 2,03%. Já para 2026, a expectativa é de um crescimento de 1,70%, um pequeno ajuste em relação aos 1,72% previstos na pesquisa anterior.

Essas expectativas coincidem com o impacto das decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que, em sua última reunião, elevou a Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. O Banco Central sinalizou que uma nova alta na mesma magnitude pode ser aplicada já em março, como parte de sua estratégia para controlar a inflação. Em sua ata, o Copom mencionou o risco da desancoragem das expectativas inflacionárias, o superaquecimento da economia e os efeitos das políticas econômicas sobre o câmbio como fatores importantes a serem considerados nas futuras decisões.

Além disso, o mercado tem acompanhado atentamente as medidas do governo brasileiro e as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o controle dos preços dos alimentos, um fator crucial para o controle da inflação. O presidente afirmou, na semana passada, que o governo “vai cuidar com muito carinho” dos preços dos alimentos, uma promessa que é vista como central para o sucesso das políticas econômicas em 2025.

Em paralelo, os investidores têm demonstrado preocupação com as políticas econômicas de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, especialmente após a introdução de novas tarifas de importação sobre aço e alumínio. As medidas anunciadas por Trump podem fortalecer o dólar e criar desafios para as economias de países emergentes, como o Brasil.

A pesquisa Focus também manteve as projeções para o dólar em R$ 6,00 ao final de 2025 e 2026, refletindo a expectativa de estabilidade para a moeda norte-americana.

O cenário atual aponta para um ambiente de cautela, com analistas e investidores atentos às movimentações econômicas tanto internas quanto externas, enquanto o governo e o Banco Central buscam equilibrar políticas para combater a inflação e fomentar o crescimento da economia.