
TECNOLOGIA
Uso excessivo de inteligência artificial pode reduzir o pensamento crítico dos humanos, diz estudo da Microsoft
Por Redação - Em 15/02/2025 às 12:45 AM

Cientistas avaliam que a automação de tarefas rotineiras tira das pessoas as oportunidades de praticar seu raciocínio FOTO: Freepik
Um novo estudo conduzido pela Microsoft em parceria com a Universidade Carnegie Mellon, de Pittsburgh, destaca um impacto preocupante do uso crescente de inteligência artificial (IA) no trabalho: a redução do pensamento crítico entre os profissionais. A pesquisa sugere que, ao depender excessivamente da IA, os humanos podem ver suas faculdades cognitivas deterioradas, privando-os de desenvolver habilidades importantes de julgamento e resolução de problemas.
Os cientistas envolvidos no estudo, que recrutaram 319 voluntários para participar de um levantamento, afirmam que a automação de tarefas rotineiras tira das pessoas as oportunidades de praticar seu raciocínio. “Isso te deixa atrofiado e despreparado para quando as exceções de fato surgem”, explicam os pesquisadores. O estudo focou em exemplos reais de uso de IA generativa, como o gerador de imagens DALL-E e o ChatGPT, que foram aplicados em atividades cotidianas de professores, enfermeiros e traders.
Entre as descobertas mais reveladoras, está a relação inversa entre a confiança na IA e o exercício do pensamento crítico. Quando os voluntários confiavam demais nas respostas geradas pelas ferramentas de IA, sua percepção de exercer pensamento crítico diminuía. No entanto, quando desconfiavam da resposta, os participantes tendiam a avaliar mais criticamente e melhorar a qualidade das informações fornecidas pela IA.
A pesquisa aponta que a IA pode ser útil para aumentar a eficiência, mas também levanta preocupações sobre o risco de uma dependência excessiva, especialmente em tarefas de baixo risco, que não exigem engajamento crítico. Os pesquisadores alertam que isso pode afetar a capacidade de resolver problemas de maneira independente a longo prazo.
Outro ponto abordado foi a tendência dos usuários de IA generativa a produzir um conjunto de resultados menos diversificado em comparação com aqueles que não utilizam a tecnologia, refletindo uma possível limitação criativa. O estudo também observou que fatores como pressão de tempo e a gravidade das consequências de um erro influenciam a intensidade com que as pessoas exercem seu julgamento crítico.
Apesar das preocupações, os pesquisadores reconhecem que a humanidade sempre delegou tarefas cognitivas a novas tecnologias, desde a escrita até a internet, e destacam que as ferramentas de IA não devem ser vistas como responsáveis por “deteriorar” a inteligência humana. A chave, segundo eles, está em como essas tecnologias são utilizadas.
Para mitigar a atrofia cognitiva, a pesquisa sugere que as ferramentas de IA possam ser projetadas para incentivar o pensamento crítico, oferecendo explicações sobre seu raciocínio, sugestões para refinamento e até críticas guiadas. Isso, afirmam os cientistas, poderia transformar a IA em uma parceira no desenvolvimento de habilidades cognitivas, em vez de um substituto para o esforço intelectual.
O estudo levanta questões cruciais sobre o impacto da IA na sociedade moderna, sugerindo que, embora essa tecnologia possa trazer benefícios significativos, ela também exige uma abordagem cuidadosa para evitar a perda das habilidades cognitivas essenciais ao ser humano.
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