Primeira-dama da Alece
Cristiane Leitão promove seminário na Assembleia sobre necessidade de atenção para causa autista
Por Redação IN Poder - Em 06/04/2023 às 3:57 PM
A defesa dos direitos de inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a necessidade do desenvolvimento de habilidades sociais desse público foram temas do Seminário “Ciadi Autismo – Mais Informação, Menos Preconceito”, realizado nessa quarta-feira, 5, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). Idealizadora do Comitê de Responsabilidade Social da Casa, a primeira-dama da Alece, Cristiane Leitão, destacou que o debate tem como objetivo levar informações assertivas e orientações sobre a atenção e os cuidados para as pessoas com TEA.
“É uma mobilização que esta Casa está fazendo, levando informações que ajudam no acolhimento, na humanização e na profissionalização no que diz respeito ao tratamento desse público”, disse Cristiane. O evento teve apresentação do Grupo Interasom, do Ciadi, com Rodrigo Félix, Laís Mororó e Thamisa Vasconcelos.
Cristiane ainda reforçou a preocupação do Poder Legislativo estadual com a temática, que tem atuado de forma ativa na causa autista. “Precisamos sensibilizar toda a sociedade para esse debate. Todos os espaços da sociedade precisam ser inclusivos”, salientou.
Na palestra “Direitos de inclusão da pessoa com TEA e a luta anticapacitista”, a advogada Liduína Carneiro, que participa do Núcleo de Acessibilidade da Comissão da Mulher Advogada (CMA) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), apontou que a Constituição Federal de 1988 é um documento pautado na defesa dos direitos para a humanidade, nos quais devem estar incluídos os direitos do público autista.
A palestrante citou a Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, como instrumento importante para conquistas no processo de garantia de direitos. “Nós que lidamos com essa causa não somos guerreiras, não somos atípicas, não somos ‘mãezinhas’. É necessário conhecer a força que tem uma mãe de filho com deficiência para poder se encaixar dentro de um mundo que está o tempo todo dizendo não”, relatou.
Em sua participação, o ativista da causa da pessoa com deficiência e coordenador Nacional do Setorial das Pessoas com Deficiência Partidário, Rubinho Linhares, definiu o capacitismo como um conjunto de ações e comportamentos sociais que refletem discriminação e preconceito contra pessoas com algum tipo de deficiência.
Ele citou exemplos de situações capacitistas, como o descumprimento das leis e direitos de pessoas com deficiência, a segregação ou exclusão de pessoas nessas condições, a falta de acessibilidade nos espaços públicos e privados, entre outras situações. “Temos ainda as microagressões, que são expressões verbais ou comportamentais cotidianas, que comunicam um desdém ou insulto negativo em relação à deficiência de alguém. No caso do capacitismo, nós temos diversas frases que se enquadram nessas agressões”, explicou Rubinho Linhares.
Para evitar o capacitismo, disse ser fundamental seguir algumas dicas. “Sempre pergunte para a pessoa com deficiência se ela quer ou precisa de ajuda. Ouça essas pessoas, quando elas solicitam uma adaptação. Fale sobre o tema da deficiência com crianças e jovens”, aconselhou.
Em outro momento do seminário, a psicóloga, analista do comportamento e diretora clínica da empresa Luna ABA, Natalie Brito Araripe, abordou sobre o valor das habilidades sociais na vida adulta de uma pessoa com TEA.
A importância do treino das habilidades sociais para quem convive com o autismo não pode ser subestimada, segundo a especialista. Ela enfatizou que autistas com déficit em habilidades sociais tendem a relatar maiores níveis de solidão e menores níveis de interação com pares da mesma idade. “Isso se reflete em dificuldades para compreender piadas, sarcasmo, ironia, metáfora e linguagem literal, bem como há uma dificuldade na cognição social, assim como há lacunas no entendimento de pistas sociais”, ressaltou Natalie Brito.
Como consequência dessas dificuldades, de acordo com ela, há impactos nos domínios vocacional, romântico, de amizades e de realização de atividades diárias. “Adultos autistas com maiores déficits em habilidades sociais podem experienciar mais depressão, ansiedade, isolamento social e afastamento de pares”, pontuou.