Após encontro ocasional com o governador eleito do Ceará, Elmano de Freitas (PT), na segunda-feira (17) em Recife, percebemos que o sucessor de Izolda Cela vai continuar a política do ex-governador Camilo Santana, que construiu pontes com todos os atores da sociedade. Ontem, Camilo conversou por telefone com o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, agendando um encontro do líder empresarial com o senador eleito e com Elmano, logo após as eleições do segundo turno.

Elmano de Freitas e Camilo Santana

Camilo ouviu do presidente da Fiec que é hora de gestos. “Ex-aliados aguardam esses gestos. Afinal, a briga foi interna”, disse Ricardo. Coincidência ou não, Elmano, um verdadeiro diplomata, já anda buscando a reconciliação com os ex-aliados pedetistas.  A sabedoria dá a tônica da fala dele e sinaliza para uma união das forças que estiveram juntas durante o governo Camilo Santana.

Detalhe: Elmano já havia flertado com a possibilidade de trazer Ciro de volta em entrevista ao jornal Valor Econômico. “Quem ganha tem que fazer o gesto. Quem perde fica dolorido. Acho que temos que fazer o gesto para que possamos ter todos na campanha do Lula”. Ontem ele repetiu que “O PT precisa fazer um gesto claro para o Ciro e reunir todas as forças e lideranças pela democracia brasileira.

Ao mesmo tempo inteligente e conciliador, Elmano segue fazendo acenos ao senador Cid Gomes e ao partido dele, o PDT, de olho também na base aliada na Assembleia Legislativa, na qual o governador eleito espera contar com 35 deputados.

Camilo Santana, Cid Gomes e Jade Romero

“Vários prefeitos com quem conversei no primeiro turno não tomaram nenhuma decisão porque precisavam conversar com o Cid. Isso demonstra a liderança que o senador Cid Gomes e reconheço essa liderança, constitui um grupo em torno disso. Queremos conversar com a direção do PDT porque a eleição para governador foi resolvida, agora é a eleição para presidente da República, e o PDT tem uma trajetória no país contra as proposições de Bolsonaro”, disse.

Eleito com mais de 54% dos votos válidos, Elmano pretende iniciar a montagem do secretariado após a definição do presidente da República. Apesar do crescimento da oposição, o governador eleito pretende costurar apoios em prol da governança, e na Assembleia Legislativa, o novo Governo do Estado espera contar com cerca de 35 deputados na base aliada.

“Acho que nós vamos ter (Governo e Assembleia) uma relação muito positiva. PT aumentou a sua bancada, PDT e PT, juntos, têm quase a metade da Assembleia, mais o PP, MDB. Quero construir uma relação com quem é da base, mas também com quem é da oposição. Quem foi deputado, tem essa vantagem de aprender com quem pensa diferente. Eu fui relator de uma emenda constitucional que proíbe que qualquer fiscalização em templo religioso se dê na hora de uma celebração, construí isso com deputados religiosos, evangélicos. Acho que 35, 36 deputados estaduais tenhamos na base do governo“, completou o petista.