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Mercosul e União Europeia concluem acordo de livre comércio após 24 anos de negociações

Por Redação IN Poder - Em 06/12/2024 às 11:41 AM

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Foto: Reprodução

O Mercosul e a União Europeia anunciaram, nesta sexta-feira, 6, a conclusão de um acordo de livre comércio após 24 anos de negociações. O anúncio foi feito durante a cúpula do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, e marca o fim das tratativas iniciadas em 1999 e interrompidas diversas vezes. A assinatura formal do acordo ainda depende de revisão jurídica e da aprovação pelos parlamentos dos países-membros dos dois blocos.

O tratado estabelece a eliminação ou redução de tarifas comerciais e inclui temas como cooperação política, proteção ambiental, harmonização de normas sanitárias, direitos de propriedade intelectual e abertura de compras governamentais. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, classificou o acordo como “uma vitória para a Europa”, destacando o potencial de economizar até 4 bilhões de euros por ano em taxas de exportação para empresas do bloco europeu.

A conclusão do acordo enfrentou obstáculos significativos nos últimos anos, em parte devido à oposição de agricultores europeus, especialmente franceses, que temem a perda de competitividade diante de produtos agrícolas mais baratos do Mercosul. Esses produtores argumentam que alimentos sul-americanos não seguem os mesmos padrões ambientais e sanitários exigidos na Europa, o que poderia gerar concorrência desleal.

Do lado do Mercosul, especialistas avaliam que o tratado pode beneficiar setores como o agronegócio, mas também há receios quanto à concorrência europeia em áreas industriais, químicas e automobilísticas. Apesar das divergências, o acordo é considerado estratégico para fortalecer as relações comerciais entre as duas regiões, abrangendo um mercado de mais de 780 milhões de consumidores.

Além de reduzir tarifas, o acordo prevê compromissos com o desenvolvimento sustentável, incluindo cláusulas para proteger florestas e promover práticas agrícolas e industriais alinhadas aos padrões internacionais. Von der Leyen enfatizou que os padrões de saúde e alimentos da União Europeia permanecerão intactos, com exportadores do Mercosul obrigados a cumpri-los rigorosamente.

No entanto, a implementação ainda enfrenta desafios políticos. O texto precisa ser aprovado pelos parlamentos de cada país do Mercosul, pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu, composto pelos 27 chefes de Estado ou governo da União Europeia. A ratificação deve encontrar resistência em países como a França, onde o agronegócio tem peso político significativo.

Apesar dos obstáculos, líderes de ambos os blocos celebraram o avanço. O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, destacaram a importância do acordo para impulsionar o comércio e aproximar os blocos em temas estratégicos. Para o Mercosul, o tratado representa uma chance de diversificar exportações e atrair investimentos em setores produtivos.

Com a conclusão das negociações, o acordo Mercosul-UE é visto como um dos maiores marcos na história comercial das duas regiões. O próximo passo será o trabalho diplomático para superar as resistências internas e viabilizar a ratificação, que permitirá a entrada em vigor de um tratado que promete remodelar o comércio entre a América do Sul e a Europa.

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