Expectativas para 2022
Rali da Bolsa e Natal
Por Admin - Última Atualização 22 de dezembro de 2021
Os desafios do Ano Novo!
A presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (IBEF CE), Renata Paula Santiago, disse à coluna que as expectativas para o Ano Novo seguem sendo desafiadoras. A conjuntura nacional, incluindo aí o ambiente político e os cenários econômicos possíveis, será determinante. Até pelo quê já está posto. Como todo o mercado está fazendo, Renata destaca alguns fundamentos que já sinalizam para inflação em expansão desacelerada, mas em alta; juros crescentes e, portanto, crédito caro e escasso; desemprego em patamar semelhante ao atual e produção em ritmo de espera. Por outro lado, a presidente do IBEF CE destaca um ativo que, a cada dia, ganha mais força na economia do século 21: a criatividade. Segundo a executiva, o brasileiro é um povo forjado em dificuldades históricas e, por isso mesmo, desenvolveu talentos e ideias que podem mover a engrenagem econômica. Renata lembra, ainda, que 2022 é ano de eleições. Especialmente, agora, as expectativas aumentam em função da indefinição política. A pandemia ainda cobrará seu preço no novo ciclo, projeta. “Eu acredito que 2022 certamente será mais um ano de muitos desafios, para tratar as dificuldades logísticas causadas pela Covid-19, que ainda será uma temática forte dos negócios nos próximos anos. Mas acredito na capacidade criativa, principalmente do povo brasileiro para se adequar ao novo comportamento do consumidor, às novas tendências de mercado e ultrapassar essas dificuldades que se aproximam”, disse Renata Paula.
Rali da Bolsa: lenda urbana ou método?
Dezembro é um mês geralmente marcado pelo tradicional Rali de Fim de Ano, movimento em que a Bolsa dá uma esticada forte para cima. O que muita gente pergunta é se o movimento é apenas lenda urbana ou costuma mesmo ser uma arrancada nos últimos meses do ano. Com tantas incertezas no radar, surgem dúvidas se vai ser diferente em 2021. Com toda a instabilidade, contudo, há um grupo de investidores que não está preocupado. Posicionados em alta – prevista não apenas para o fim de ano, mas para os meses e anos que virão pela frente – mantêm suas apostas na Bolsa. Por que não se repetiriam agora, mesmo com as quedas do Ibovespa em outubro e novembro? O analista Enrico Cozzolino, da Levante Ideia de Investimentos, conclui este movimento é consolidado. “Acontece um rali de final de ano, sim. Os meses de outubro, novembro e dezembro dos últimos 20 anos foram os meses que mais subiram, com performance acima da média dos outros meses. Em 70% das vezes, os números subiram”, explica. A saber: ele pesquisa dados históricos da Bolsa nos últimos 20 anos. Fernando Ferreira e Jennie Li, estrategistas da XP, também apontam que, historicamente, o quarto trimestre é o que traz melhores retornos. Então, é focar na B3, escolher suas opções e correr o rali.
Mood do mercado…
Mesmo com a inflação em viés consolidado de alta, a pressão dos juros está se dando mais sobre o ritmo econômico do que funcionando como fator de desaceleração dos preços. Esta é uma realidade saltitante diante dos nossos olhos. E os analistas já percebem isso. O mercado passou a ponderar que uma postura mais dura sobre os juros nas próximas reuniões poderia enfraquecer ainda mais a atividade econômica no ano que vem. Se é projeção ou esperança, não dá para saber. O fato é que, para os agentes financeiros, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central , talvez devesse optar por soltar um pouco a política monetária em 2022. Para atenuar os efeitos drásticos da estagflação. O dilema, contudo, só vai ser resolvido no ano que vem. E a resolução da última reunião do Copom enterrou qualquer possibilidade diferente,agora, ao aumentar a Taxa Selic em 1,5 ponto percentual. Pesam também sobre os juros, os dados do varejo abaixo do esperado, indicando que o setor segue sem mostrar sinais de recuperação.
Quem perde, quem ganha…
O Tesouro Prefixado 2026 apresenta maior recuo, entre as aplicações mais procuradas do ano. Durante a semana, chegou a perder 26 pontos-base (0,26 ponto percentual). O juro oferecido por esse título fecha a semana em torno dos 10,62%, depois de ter atingido 10,94%. A diferença de retorno entre o papel mais curto (2024) e o mais longo (2031) bateu em 8 pontos-base. No ápice das discussões em torno do drible ao teto de gastos pelo governo federal, essa distância chegou a ser de 51 pontos-base, refletindo o maior pessimismo com o curto prazo. Já nos papéis com lastro na inflação, os juros reais do Tesouro IPCA+ 2026 chegaram a recuar de 4,96% ao ano para 4,88% ao ano, só na tarde da quinta-feira. Isto para uma aplicação que já ofereceu retorno de 4,92% ao ano. O Tesouro IPCA + 2040 com juros semestrais, por sua vez, pagava uma rentabilidade real de 5,09% ao ano, abaixo dos 5,17% do fechamento da semana.
No varejo, na rua…
A duas semanas do Natal, protagonista na agenda econômica mesmo é o varejo. Porém, na última quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) jogou água na fogueira de quem espera alguma recuperação. Até em função da sazonalidade. As vendas tiveram leve variação negativa de 0,1% em outubro sobre setembro. Já na comparação anual, a queda foi de 7,1%. Os números vieram abaixo do esperado. Segundo consenso, a expectativa era de alta de 0,8% das vendas na base mensal e de baixa de 5,60% frente outubro de 2020. Se a tendência se mantiver, o Natal será fraco. Mas o certo é que o consumo das famílias, grande motor da economia nacional, sempre dá o seu jeito. E a compra de presentes e itens de consumo tradicionais de fim do ano aquece corações e economias. A conferir. Na torcida, de dedos cruzados, que Papai Noel tenha muito trabalho.