Mercado

Macroeconomia de cada dia

Por Admin - Em 03/02/2022 às 10:57 AM

Juros de dois dígitos #nowplaiyng

É oficial. Temos juros de dois dígitos de novo no Brasil. Depois de quatro anos e meio a Selic, taxa básica vigente no País, chega a 10,75% ao ano. Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade elevá-la mais uma vez. A alta é de 1,5 ponto percentual sobre os 9,25% válidos até esta quarta-feira. É o oitavo aumento consecutivo. A última vez em que os juros estiveram neste patamar foi em julho de 2017, quando eram de 10,25% ao ano. O mercado estima que a Selic volte a subir para 11,75% em março. A partir daí, a projeção é que mantenha-se nesta faixa pelo menos até o fim do ano. Sempre bom lembrar que juros altos não servem apenas para controlar a inflação. No caso do Brasil de 2022, não estão conseguindo deter a alta de preços.  Por outro lado… servem para remunerar investimentos e atrair capitais. Fica a dica.

 

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central/Foto: AFP

 

Viés ameno x atitude fiscal

De acordo com a Nota do Copom divulgada após a reunião de ontem, a tendência é que as altas sejam mais suaves neste começo de ano. “O Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros”, diz a nota. O viés “de amenização” ocorre porque o Copom quer aguardar os efeitos da alta da Selic acumulada até aqui. Esperam pelo impacto no controle da inflação, que até agora não veio. Inflação aumenta por vários motivos. Na conjuntura brasileira, se dá num ambiente de estaginflação. Os preços sobem mesmo com poder de compra muito reduzido, numa economia letárgica. Como assim? A menor produtividade da economia como um todo reduz o volume de oferta de produtos.  Menos produtos na prateleira = a preços mais altos. Um fator importante para determinar a trajetória monetária são as contas públicas. Sua performance resulta da atitude fiscal adotada pelo governo federal. “Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal segue mantendo elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação”, revela a nota.

 

Efeitos colaterais: temos

Juros mais altos significam crédito, especialmente o bancário, caro. No ano passado, a expansão do juro cobrado pelos bancos foi o maior em seis anos. Quando o crédito fica caro, a alta da Selic influencia negativamente no consumo da população e nos investimentos produtivos. Repercute ainda no emprego, na renda e no Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, o aumento da Selic gera uma despesa adicional com juros da dívida pública. Analistas estimam que o ciclo de alta da Selic de dois pontos percentuais ao ano, em março de 2021, para 10,75% ao ano, geraria uma despesa adicional de quase R$ 280 bilhões com juros da dívida em 12 meses. Cálculos à parte, se por um lado a Selic não está servindo para conter a inflação, por outro, está impactando noutro fundamento monetário importante que é o crédito. Por tabela, no ritmo da própria retomada.

 

O que é a Selic?

Somos bombardeados de informações econômicas todos os dias, o dia todo. E muitas vezes sequer conseguimos compreender a relação entre os fatos e a nossa vida. Senão, vejamos: você sabe o que é Selic? Como ela funciona e para quê? Aqui mais uma oportunidade para relembrar a razão de ser da economia como ciência social. Ela existe para gerir recursos sempre escassos e finitos, mesmo em ambientes e tempos de fartura (o quê, definitivamente, não é o caso aqui). Toda a engrenagem econômica opera interligada, com um fundamento determinando o funcionamento do outro. Como acontece na relação abordada na coluna de hoje:  juros x preços x crédito x emprego x renda x PIB. Dito tudo isso, passemos à definição da Selic.

A Selic é uma sigla! Significa: Sistema Especial de Liquidação de Custódia. É uma das principais taxas do mercado financeiro brasileiro, cujo percentual é decidido pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom. A cada 45 dias é realizada reunião na qual o comitê decide o viés. Ou seja, se a taxa vai diminuir, aumentar ou permanecer estável. Quando o Banco Central identifica a necessidade de controlar a inflação, é possível lançar mão desse recurso. Como é considerada a taxa básica da economia brasileira, qualquer tipo de oscilação causa impacto em todas as taxas de juros do país. Assim, podemos sentir os efeitos do recente aumento nas taxas de juros de empréstimos, financiamentos e, acima de tudo, nas aplicações financeiras. (fonte: Portal Terra Investimentos)

 

 

Mais notícias

Ver tudo de Lifestyle