Investimento Bilionário

Semana com grand finale?

Por Admin - Última Atualização 22 de dezembro de 2021

Investimento bilionário movimenta mercado.

 

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Companhia vai implantar plano de desinvestimento em refinarias. Crédito: Divulgação

A maior estatal brasileira e uma das maiores petrolíferas do mundo deixou para o fim desta semana o anúncio de investimento de US$ 68 bilhões. O dinheiro vai para três segmentos: petróleo, gás e pré-sal. O mercado reagiu muito bem e os efeitos são os conhecidos: bolsa em alta e dólar no sentido contrário. O Ibovespa marcou 105 mil pontos com expansão de 1,24% e giro financeiro de R$ 27 bilhões. O dólar encerrou caindo 0,53%, cotado a R$ 5,56. Mal esfriou a notícia e as posições já se invertem:  no momento em que esta coluna está sendo escrita, a moeda americana recupera valor e está cotada a R$ 5,59 e a B3 reduziu seu desempenho para 102 mil pontos. Mesmo assim, vale destacar a demonstração de força da empresa que tanta polêmica causa na economia e na política do país. As ações valorizam, os dividendos são distribuídos e, quem sabe, o Brasil chegue mais perto do que seria uma autonomia na produção de combustíveis para a demanda doméstica. Ilusão? Sim. Mas que por um breve momento histórico pareceu virar realidade com a descoberta do pré-sal.  Na apresentação do seu plano plurianual também consta programa de desinvestimentos. Ou seja, a venda de ativos como as refinarias e distribuidoras.

 

Brasileiro dirigindo na mão inglesa…

Aumentar a produção de combustíveis fósseis, como é o petróleo, remete à imagem de um motorista brasileiro em seu primeiro dia tentando dirigir na mão inglesa. Tudo ao contrário. O mundo procura novas matrizes energéticas, limpas e renováveis. Sol, vento, ondas do mar, bioamassa e até etanol – ironicamente, criado por nós! Assim como estão, aqui no Brasil, grandes reservas de tudo isso: energia limpa. Como se explica a alegria do mercado quando comemora o investimento da Petrobras e, no intervalo do jornal, um banco exibe seu filme falando em ESG? Simples: marketing também faz parte do negócio. A parte do sonho. A da realidade ainda é pautada no agora. E nos processos tradicionais de produção que ainda adotam. Todos poluentes. Ficamos mais ou menos assim: ensinamos que, lá no futuro, o negócio é energia limpa. Mas enquanto ela não chega, realizamos lucro emitindo gases de efeito estufa, mesmo. No imaginário, a descarbonização. Na vida real, o CO2.

 

Resuminho básico sobre preços.

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A semana não viveu só da notícia de injeção de bilhões de dólares da Petrobras no seu plano plurianual de investimentos. Houve mais experiências de impacto. O grande destaque em termos de dados econômicos foi a divulgação do IPCA-15 de novembro. O indicador avançou 1,17% na variação mensal, ficando ligeiramente acima da expectativa do mercado (1,13%). Aumentou, mas desacelerou. A leitura do mês anterior era de 1,20%. E isso já é uma expectativa do mercado. Está precificado. Teremos inflação em 2022, embora as taxas aumentem mais devagar. Imaginem isso na cabeça de uma cidadã ou cidadão que vai ao supermercado com o salário corroído pelos aumentos sistemáticos dos preços: “Está mais caro, mas poderia ter subido mais”. Que diferença faz? Zero diferença. A mesma sensação tem quem vai abastecer. A gasolina representou o maior impacto individual no índice do mês (0,40 p.p.). Para seguir nas notícias inflacionárias, o IPCA-15 já acumula alta de 9,57% no ano e, em 12 meses, alta de 10,73%.

 

Hoje é Black Friday, mas ontem foi Thanksgiving…

Enquanto você sonha com as promoções da Black Friday, o mercado americano teve uma quinta-feira de liquidez reduzida. Era Thanksgiving Day. O Dia de Ação de Graças, feriado para os sobrinhos do  do Tio Sam.  Na Europa, a maioria das bolsas encerrou em alta. A ata do Banco Central Europeu (BCE) atraiu o foco dos investidores. O documento chamou a atenção para as pressões nos preços mais persistentes do que o projetado. Porém, nada que mude o viés de recuperação que segue forte.  Segundo o BCE, uma preocupação, no entanto, está nos casos de Covid-19 e na expectativa de como os governos vão lidar com a piora da pandemia. A expectativa ainda não está forte o suficiente para mudar a direção da retomada.

 

Chico Science e Piketty: #EconomiaFeelings

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Thomas Piketty/Divulgação

Hoje é sexta-feira, dia em que “uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor”. E também para propor uma reflexão. Já imaginaram uma economia em que a maior classe, entre todas que compõem o estrato social, fosse a média? Para o meio economista, meio filósofo francês, Thomas Piketty, o Brasil é um exemplo muito ruim de desigualdade. Ele define: é excessiva e impede a prosperidade do país. Piketty defende a renda básica e o imposto progressivo sobre propriedades, renda e heranças como estratégias para redução da pobreza. E garante: “No longo prazo, até as elites se beneficiariam de pagar mais impostos”. Se Keynes, escutasse isso, diria: “No longo prazo, todos estaremos mortos”…  Tirando este pequeno detalhe, o francês está certo. Uma sociedade em que o dinheiro circula por muitas mãos, é uma sociedade que enriquece como um todo. A tecnologia social explica: desigualdade social empobrece qualquer economia. Jamais a fará prosperar.  O problema é que, no país tropical em que vivemos, a lógica ainda é a de Chico Science. “Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs. A cidade não para, a cidade só cresce. O de cima sobe e o de baixo desce”.

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