O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da Construção registrou queda em janeiro de 2025, atingindo 49,8 pontos, FOTO: Freepik

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou, nessa segunda-feira (27), os resultados da Sondagem da Indústria da Construção, que apontam a alta da taxa de juros como o principal desafio enfrentado pelo setor no quarto trimestre de 2024. A pesquisa revela que 34,1% dos empresários citaram a elevação da Selic como a maior dificuldade, um aumento em relação aos 25,4% registrados no terceiro trimestre do ano passado.

O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, explicou que a construção civil é sensível à política monetária contracionista. Segundo ele, a taxa de juros impacta diretamente tanto o lançamento de novos empreendimentos quanto a demanda, uma vez que muitas pessoas dependem de financiamento para adquirir imóveis. Azevedo destacou que, diante da alta da Selic, o setor se vê diante de uma grande preocupação.

Outros fatores também impactaram o desempenho da indústria no final de 2024. A falta ou o alto custo de mão de obra qualificada foi apontada por 26,8% dos empresários, enquanto 26,6% destacaram a elevada carga tributária como um obstáculo importante.

A pesquisa também revelou que o índice de acesso ao crédito da indústria da construção caiu 2,6 pontos em relação ao trimestre anterior, fechando o quarto trimestre com 37,7 pontos. Os empresários indicaram que a dificuldade para obter empréstimos e financiamentos aumentou, especialmente após a retomada da alta da Selic.

Além disso, o índice de satisfação com o lucro operacional apresentou queda, atingindo 44,8 pontos, enquanto o índice que mede a evolução do preço médio de insumos e matérias-primas subiu para 64 pontos, refletindo uma pressão maior sobre os custos do setor.

Apesar dos desafios, a pesquisa apontou uma leve melhoria na satisfação com a situação financeira das empresas, que avançou 1,3 ponto, alcançando 49 pontos no quarto trimestre.

Confiança e expectativas 

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da Construção registrou queda em janeiro de 2025, atingindo 49,8 pontos, abaixo da linha de 50 pontos que separa os sentimentos de confiança e falta de confiança. A CNI atribui essa queda à piora das avaliações sobre as condições atuais da economia e as expectativas para o futuro. O índice de Expectativas recuou 1,6 ponto, enquanto o índice de Condições Atuais caiu 1,2 ponto.

Em relação à atividade, o índice que mede o nível de atividade da indústria fechou 2024 em 45,4 pontos, indicando um recuo maior do que o observado em novembro. O índice de número de empregados também registrou queda, caindo de 47,8 pontos para 45,7 pontos entre novembro e dezembro.

Para 2025, no entanto, as expectativas permanecem mais otimistas. O índice de expectativa de nível de atividade se manteve estável em 53,8 pontos, e o índice de expectativa de compras de insumos cresceu para 53,7 pontos. O indicador sobre a expectativa de novos empreendimentos, no entanto, teve uma ligeira queda.

Investimento e perspectivas

Apesar dos desafios enfrentados, o índice de intenção de investimento na indústria da construção permaneceu acima da média histórica, com 45,1 pontos. Embora tenha registrado uma pequena queda em relação ao mês anterior, o indicador segue 7,2 pontos acima da média histórica, indicando que os empresários ainda veem oportunidades de investimentos no setor.

A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 17 de janeiro de 2025, e consultou 315 empresas, de diferentes portes, que relataram suas perspectivas e desafios para o setor da construção nos próximos meses.