HUB DE HIDROGÊNIO VERDE
Apenas três empreendimentos devem gerar R$ 70 bilhões em investimentos
Por Marcelo - Em 10/05/2023 às 9:48 PM
Ainda durante as assinaturas de novos acordos entre os portos do Pecém e de Roterdã, bem como entre o Governo do Ceará e os Países Baixos, cinco grandes players nacionais e internacionais dos setores de Hidrogênio Verde (H²V) e de energias renováveis, cujas tratativas estão mais avançadas para seus investimentos no Hub de H²V do Pecém, na fase de pré-contratos, licenciamentos ambientais e de instalação, anunciaram seus investimentos. O consórcio formado pela Casa dos Ventos, TransHidrogen Alliance (THA) e Comerc; a AES Brasil e a Fortescue, juntas, devem realizar investimentos em seus empreendimentos da ordem de US$ 14 bilhões, ou seja, cerca de R$ 70 bilhões, até 2032.
A usina de H²V do consórcio Casa dos Ventos-THA-Comerc ocupará um terreno de 60 hectares, com capacidade de até 2,4 GW de eletrólise, produzindo 960 toneladas de Hidrogênio Verde (H2V) por dia, e quando todas as quatro fases estiverem implementadas, permitirá a produção de 2,2 milhões de toneladas de amônia verde por ano. Segundo Francisco Habib, diretor de Engenharia da Casa dos Ventos, a empresa está no projeto de engenharia, que tem uma complexidade elevada, junto com suas parceiras. “A licença prévia deve sair ainda este ano e no ano que vem a de implantação, seguido da compra de equipamentos no segundo semestre de 2024. Nosso obnjetivo é realizar a construção em 2025 e 2026, para produzirmos as primeiras moléculas até o início de 2027, ou um pouco antes”, afirma.
Ele ressalta que o desenvolvimento do projeto da usina de H²V vem sendo realizado desde 2022, enquanto que alguns parques de geração de energia estão avançados, mas ainda não dedicados ao Hub de H²V. Mas no ano que vem iniciam as obras dos exclusivos para fornecer a energia necessária para a eletrólise da água e processo de descarbonização dos parceiros. “Há um grande projeto de uma usina solar próximo à região do Pecém para abastecer ao projeto. E será cerca de US$ 6 bilhões (R$ 30 bi) em todas as quatro fases, mas inicialmente serão US$ 700 milhões (R$ 3,5 bi). Nossa parceria é bem técnica, o desafio é a geração de demanda, para podermos colocar os projetos para operar”, explica Habib.
Mais investimentos
As afirmações do executivo agradaram o governador Elmano de Freitas e o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, que estão confiantes no projeto do Hub de H²V no Pecém. E direto do evento em Roterdã, o World Hydrogen Summit & Exhibition 2023, o representante da Fortescue destacou que a empresa australiana tem cinco projetos de H²V no mundo, sendo que do Complexo do Pecém é uma prioridade. Ocupará uma área total de 120 hectares dentro da ZPE Ceará e a expectativa é que até 2026 deve produzir cinco mil toneladas de amônia verde por dia, com o objetivo de gerar Hidrogênio Verde de primeira linha e garantir o fornecimento do combustível renovável para o mundo, contribuindo fortemente para o processo de descarbonização. O volume a ser investido na sua planta no Pecém é também de US$ 6 bilhões.
Já o diretor da AES Brasil, também participando por meio de videoconferência, uma vez que estava na Holanda no evento internacional de Hidrogênio, destacou que a empresa, cuja sede fica nos Estados Unidos, pretende investir aproximadamente US$ 2 bilhões (R$ 10 bi). E salientou, ainda, a capacidade de produção de energias renováveis – eólica e solar – do Nordeste brasileiro, em especial no Ceará, além de toda a infraestrutura do Porto do Pecém e sua ampla parceria com o terminal portuário de Roterdã.
Executivo do Pecém
O vice-presidente de Operações do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, Fábio Grandchamp, ressaltou que o processo de transição energética está promovendo uma revolução no mundo. “A descarbonização vai trazer um desenvolvimento nunca visto para o Ceará e o Brasil. Quando o investidor tiver de escolher um lugar para se instalar, tem alguns requisitos, como: disponibilidade de energia; parceiros fortes; áreas disponívei, são 19 mil hectares; um porto capaz de movimentar qualquer tipo de carga e que já chega a 20 milhões de toneladas por ano e que tem mais espaço para ampliações; temos políticas de incentivos fiscais que facilitam a atração de investimentos, por meio da ZPE Ceará; mão de obra qualificada, e, principalmente, a chancela do Governo Federal e do Banco Mundial, que querem participar deste empreendimento do Hub de Hidrogênio Verde conosco”.
E afirmou que a competitividade do Ceará é atestada por institutos internacionais como Mackenzie e Bloomberg, dizendo que o Estado tem um dos H²V mais competitivos do mundo. “Com tudo isso digo, seremos o principal Hub de Hidrogênio Verde do Brasil e seu maior exportador para a Europa, via Porto de Roterdã. Nossa ambição é forte, mas não tem como ser diferente. O potencial brasileiro nessa transição energética é enorme, e esperamos que a nossa experiência aqui no Pecém sirva de modelo e inspiração para outras regiões do Brasil. Faltam apenas contratos firmes de demanda assinados, que premitiria que o H²V aqui do Pecém pudesse chegar à Europa ainda em 2026, gerando um efeito dominó positivo, fazendo com que os projetos decolem ainda mais rápido. Estamos prontos e hoje damos mais esse passo importante, criando esse Corredor de Hidrogênio Verde entre o Pecém e Roterdã, num esforlo de conectar o Hidrogênio porta a porta, desde a produção aqui, até os consumidores na Europa, com eficácia e eficiência”, conclui Fábio Grandchamp.