INTERVENÇÃO NO CÂMBIO
Banco Central fará primeiro leilão de dólares à vista desde 2022
Por Redação - Em 29/08/2024 às 11:58 PM
O Banco Central (BC) anunciou que realizará, nesta sexta-feira (30), um leilão de venda de dólares à vista, o primeiro desse tipo desde abril de 2022. A operação, que terá um limite de US$ 1,5 bilhão, foi interpretada como uma resposta direta à escalada recente da moeda americana, que chegou a R$ 5,74 no início de agosto e fechou essa quinta-feira (29) a R$ 5,62, acumulando alta de 2,62% na semana.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, havia sinalizado em declarações recentes que o BC estava preparado para intervir no mercado cambial caso necessário. “Estamos sempre com o dedo no gatilho”, disse Campos Neto durante um evento promovido pelo Banco Santander. Segundo ele, a possibilidade de intervenção foi considerada em vários momentos ao longo de agosto.
A decisão de realizar o leilão vem em um contexto de crescente pressão sobre o real, atribuída, em parte, a dados econômicos fortes dos Estados Unidos, que diminuíram as apostas em cortes agressivos de juros pelo Federal Reserve (Fed) em setembro. Além disso, a indicação de Gabriel Galípolo à presidência do BC, em substituição a Campos Neto, trouxe incertezas sobre os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom), especialmente após Galípolo adotar um tom mais rígido, sugerindo que uma nova alta da taxa Selic “está na mesa”.
Esta é a primeira intervenção do BC no segmento à vista desde abril de 2022, quando foram vendidos US$ 571 milhões para conter a valorização global do dólar impulsionada pelo aperto monetário nos EUA, sinalizado pelo presidente do Fed, Jerome Powell. Mais recentemente, em abril deste ano, o BC havia vendido US$ 1 bilhão em swaps cambiais extras, buscando amenizar o impacto do vencimento de títulos públicos indexados à taxa de câmbio (NTN-As).
O leilão de venda de dólares, previsto para ocorrer entre 9h30 e 9h35 desta sexta-feira, será observado de perto pelos mercados, que avaliam como a autoridade monetária vai gerenciar as tensões cambiais em meio a um cenário global incerto e à transição na liderança do Banco Central brasileiro.