ESTRATÉGIA
Banco do Brasil foca em cartões e no controle da inadimplência para expandir crédito
Por Redação - Em 16/11/2024 às 12:01 AM
O Banco do Brasil (BB), que registrou o maior crescimento de carteira entre os grandes bancos de capital aberto no Brasil, projeta continuar sua trajetória de expansão no próximo ano. O banco identificou oportunidades em linhas de crédito com margens mais altas, mas que envolvem maiores riscos. A estratégia inicial será focada em clientes já existentes, mas que ainda não utilizam todo o potencial de produtos financeiros disponíveis.
O principal foco do BB será o crescimento da carteira de cartões de crédito, segmento onde o banco tem apresentado crescimento abaixo das expectativas nos últimos dois anos. No terceiro trimestre de 2024, a carteira de cartões cresceu apenas 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 54,8 bilhões. Esse desempenho está bem abaixo do crescimento de outras linhas de crédito para pessoas físicas, que aumentaram 7,9% no mesmo período.
A prudência do banco em relação aos cartões de crédito está ligada ao aumento da inadimplência após a pandemia de covid-19, especialmente entre clientes adquiridos por canais digitais, que não tinham relação prévia com o banco. Essa tendência também foi observada nos outros grandes bancos, mas o BB foi mais conservador nas concessões e, como resultado, demorou mais para retomar o ritmo de crescimento.
“Estamos atrás principalmente no segmento de cartões de crédito, e este é um dos nossos focos principais para 2025”, disse Geovanne Tobias, vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do BB, em entrevista a jornalistas. O banco busca não apenas aumentar a quantidade de clientes, mas também expandir a receita proveniente de margens de clientes e taxas de intercâmbio, que são pagas pelas maquininhas a cada transação com cartões. A ampliação da carteira de cartões também está alinhada com a estratégia mais ampla do BB, que inclui os efeitos do fechamento de capital da Cielo, subsidiária de maquininhas do banco.
A revisão da carteira de cartões também passa pela reavaliação dos contratos de emissão com varejistas e outras empresas parceiras. Um exemplo disso foi o término do contrato com a Ame, plataforma de pagamentos da Americanas, que gerava baixa rentabilidade para o banco. “Esse produto tem uma rentabilidade associada pequena para o banco”, explicou Felipe Prince, vice de Controles Internos e Gestão de Riscos.
Além disso, o BB tem trabalhado para aumentar a margem com clientes sem elevar significativamente o custo do crédito. Em um cenário de juros mais altos, que elevam o custo da dívida para os clientes, o banco precisa equilibrar o crescimento da carteira com o controle da inadimplência. Para 2025, o banco projeta continuar expandindo o crédito consignado, especialmente entre os trabalhadores do setor privado, com uma expectativa de crescimento de cerca de 10% no ano que vem.
No terceiro trimestre de 2024, a margem com clientes do BB somou R$ 20,8 bilhões, com um crescimento de 1% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse resultado foi impulsionado por um mix de captação mais favorável, que gerou um aumento de 5% na margem em relação ao trimestre anterior. Em contrapartida, a margem com mercado registrou um aumento de 64,5% em um ano, alcançando R$ 5,1 bilhões, mas o desempenho foi impactado pela marcação a mercado negativa dos títulos da carteira do banco na Argentina, devido à volatilidade econômica no país vizinho.
A estratégia do Banco do Brasil para 2025 busca um crescimento contínuo no crédito, com ênfase no segmento de cartões e consignado, mantendo um controle rigoroso sobre a inadimplência e a gestão de riscos em um ambiente de juros elevados.