ECONOMIA
Beto Studart defende que construção civil retome as atividades no dia 6 de maio
Por Marcelo - Última Atualização 26 de abril de 2020
O empresário Beto Studart acredita que o setor produtivo, em especial a construção civil, deve ter as suas atividades retomadas, gradualmente, a fim de evitar que haja uma situação ainda mais complicada num espaço de poucos meses na economia do Ceará e do Brasil, por causa das determinações de isolamento social e fechamento de fábricas, lojas, shoppings, comércio em geral. Destacou a atuação do presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, que tem se desdobrado neste momento tão turbulento da economia e da saúde brasileiras. E acredita que a construção civil vai puxar a retomada do crescimento econômico, com o trabalho realizado pelo Sinduscon-CE.
“ No caso da construção civil, criamos um manual para recepcionar nossos funcionários fora do script tradicional. Temos todo um protocolo novo, muito obediente, com baterias de pias para dez colaboradores com distanciamento, álcool em gel espalhado em todo canto, quatro entradas com quatro horários distintos, para não haver congestionamento no recepcionar. O ponto eletrônico está abolido. O próprio Sinduscon-CE – por intermédio do Patriolino Dias, o Carlos Gama e seus diretores –, tem tido uma preocupação muito grande para formatar uma cartilha de novas práticas de recepção, que é espetacular”, disse.
Para ele o Governo do Ceará precisa estar preocupado com isso. “Para podermos voltar. As cadeias produtivas estão sendo quebradas. Precisamos voltar para que não haja novamente uma contaminação em massa. No caso da construção, é uma atividade econômica que retira o pessoal de baixa renda de áreas com grandes densidades demográficas, onde muitas famílias moram juntas. Vão trabalhar em áreas arejadas, bem alimentados e orientados. Na nossa empresa teremos diversas pequenas falas, de dez minutos, com orientações sobre temas diferentes. E estamos dando para cada um o seu kit de higiene pessoal e seus EPIs. O Governo precisa estar preocupado com a retomada das atividades e esse decreto de mais 15 dias de agora, passou do limite da razoabilidade. Mas precisamos entender a complexidade das decisões do governador”, lembrou o CEO da BSPAR.
Beto afirma que o governador Camilo deveria liberar o funcionamento dos canteiros de obras já no dia 6 de maio. “No caso específico da construção civil, temos apenas uns três estados que não estão funcionando, e um deles é o Ceará. Será que todos os outros estão errados? Tem de haver um bom senso da maioria. Acho que a construção deveria voltar antes dos 15 dias de prorrogação do decreto, no próximo dia 6. Acho que o governador poderia fazer isso e, depois liberar a indústria de uma forma geral, pois ela está muito espalhada. As que estão fora do perímetro urbano, libera todas, e também o transporte urbano. A pior situação é do varejo, os shoppings. Tem de esperar baixar a curva de expansão do vírus”.
Inovações
Mas ressaltou que nesses momentos surgem algumas oportunidades e é preciso estar sempre inovando, como está acontecendo com a BSPAR, que investiu num sistema permitindo o trabalho das equipes em home office, realização de reuniões e também está levando essa experiência para a comunicação com os clientes.
“Num primeiro momento sentimos dificuldades, pois a relação epidérmica era insubstituível, pois faz parte do DNA do negócio, o aperto de mãos, o diálogo franco e tudo isso tornou-se num ato perigoso e proibido. E por intermédio da nossa superintendência de vendas a utilizar todas as nossas ferramentas para as vendas digitais. Visitas virtuais em nossos empreendimentos, criando um diálogo nas mídias digitais constante. Estamos implantando um canal de notícias positivas, o BSPAR News, que tratará de notícias boas com respeito a ciência, economia, saúde, política, somente pelo lado positivo, do que está acontecendo no Ceará, no Brasil e no mundo. Um ambiente de coisas boas em torno da nossa marca”, explicou.
Destacou que tudo leva para uma contaminação continuada, mas é preciso oferecer a capacidade do cidadão trabalhar e garantir o seu sustento. “Todo mundo precisa ter a dignidade de ganhar para manter a sua família. É uma coisa constrangedora um pai não ter recursos para comprar a merenda ou o remédio do filho. E o que pode tirá-lo dessa indignidade é o trabalho, mas de forma responsável, cuidadosa, dentro de um critério que deve ser organizado. É preciso ter o bom senso da maioria. Adorei o manifesto das entidades representativas do setor produtivo, encabeçado pela FIEC e pelo Ricardo Cavalcante. É exatamente isso que eu defendo”.
O empresário continua com uma atuação bastante ativa na FIEC, onde é delegado representante da entidade junto à Confederação Nacional da Indústria, bem como na CNI, onde é um dos vice-presidentes e vê como interessante que as empresas que estão com suas finanças mais robustas, continuem adquirindo de micro e pequenas empresas, realizando seus pagamentos em dia, a fim de evitar uma situação insustentável para milhares de empreendedores no País.
“Nosso comando dentro da BSPAR é que tudo aquilo que for comprado, seja pago em dia, mesmo que não seja utilizado agora. Precisamos fazer uma racionalização. Nossas obras estão paradas e paramos também as aquisições. Criamos um hiato no pagamento e na entrada de novas mercadorias, o que acaba compatibilizando. Lógico que a nossa empresa é capitalizada, tem condições mais fáceis da gente implementar. Vejo que compromisso, contrato, não pode ser quebrado, excetuando num caso desses que estamos vivendo. Quebra, mas honra. E comprar das indústrias brasileiras que oferecem boa condição de qualidade. Temos de privilegiá-las mais e mais daqui para a frente”, ressaltou.
E ressalta que o empresariado não deve sair demitindo pessoas por causa de uma crise que está ocorrendo, mas é preciso ter capacidade de arrastar o quadro de pessoal muito para a frente. “Precisamos fazer um sacrifício, os empresários, para que essas pessoas fiquem tranquilas e continuem consumindo para a economia não parar. É responsabilidade nossa manter os funcionários e as famílias mais para a frente. Somos responsáveis pela retomada da economia e, para isso, precisamos ter consumidores saudáveis, tranquilos e empregados. Essa é a ordem”, reafirmou Beto Studart.
O empresário lamentou o grande estrago que a pandemia do coronavírus gerou para o Hub aéreo e o turismo cearenses, que vinham em grande ascensão. “O governador Camilo Santana trabalhou tanto em cima desse segmento, andou feito um caixeiro viajante vendendo o nosso turismo, as nossas possibilidades, atraiu tantas companhias aéreas importantes e, infelizmente, por pelo menos um ano deverá sofrer muito, voltando em um novo ritmo, menos acelerado”.
Beto Studart acredita que com o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, à frente do combate à pandemia deve haver algumas mudanças, mas não de forma radical. “Vem uma nova mentalidade, não uma abertura completa, mas estruturada e gradual. Se voltar a contaminação, retorna o distanciamento social. Acho que o Brasil está precisando de estabilidade política para poder superar este momento”, finalizou Beto Studart.