ENERGIA RENOVÁVEL
BNB participará de conferência que vai debater o powershoring, em Brasília
Por Marcelo - Em 11/08/2023 às 3:16 PM
Ao olhar embalagens e produtos, é comum ver as palavras ‘Made in China’ estampadas. Produção em escala mundial e outros fatores deram ao país asiático uma eficiência sem precedentes, tornando-a a ‘fábrica do mundo’. Mas, nos últimos anos, novas configurações de produção surgiram no léxico econômico e, mais recentemente, uma apareceu com potencial de impulsionar a economia brasileira: o powershoring – assunto da conferência que será realizada na Confederação Nacional da Indústria (CNI), na próxima terça-feira (15), em Brasília
A mudança climática e fatores geopolíticos abriram uma janela de oportunidades para que países com vantagens comparativas na produção de energia limpa e renovável possam atrair plantas fabris intensivas no consumo de energia em seus processos produtivos. Com o tema ‘O powershoring e a neoindustrialização verde do Brasil – Perspectivas, potencial, políticas Públicas e privadas’, o evento vai debater o potencial da descentralização de cadeias produtivas globais para países próximos a centros de consumo e que oferecem energia limpa, segura, barata e abundante.
A conferência – realizada pela CNI, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste (BNB) e Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) -, contará com a participação de representantes do Governo Federal, das instituições responsáveis pelo evento e do setor privado.
A proposta é, nos quatro painéis da conferência, debater os conceitos do powershoring e dialogar sobre prioridades, estimulando que o governo e o setor privado trabalhem juntos na construção de uma agenda efetiva, que viabilize esse processo com potencial de transformar a economia, pelos investimentos em setores industriais, infraestrutura, inovação, geração de empregos e renda.
Potencial brasileiro
Em razão de ter uma matriz energética relativamente limpa para padrões mundiais e de desenvolver projetos ambiciosos na área, a região da América Latina e o Caribe (ALC) desponta como um dos grandes destinos da estratégia do powershoring. E o caso do Brasil é especialmente atrativo para a diversificação de elos de cadeias globais de valor. Vale destacar que o Ceará tem amplo potencial para garantir larga escala de produção de Hidrogênio Verde (H²V), a partir de suas fontes renováveis de energia abundantes – eólica e solar.
Isso porque a indústria brasileira já tem uma matriz energética majoritariamente limpa, além de ser o país do G20 com maior produção de energia verde; fomentar novas fontes de energia renovável na matriz, como vento, sol e biomassa; ter ambiciosos planos e projetos de produção de hidrogênio de baixo carbono; liderar a agenda de biocombustíveis, e desenvolver estudos para a construção de plantas industriais de produção de diesel e querosene de aviação verdes a partir de óleos de soja, macaúba e dendê, assim como a fabricação de H²V a partir de fontes eólica e solar.
Portanto, o desenvolvimento do powershoring pode ser uma forma de atrair novos negócios, de diferentes setores industriais e de serviços, financeiros e não financeiros, com possibilidade de fomentar a economia dos países que integram a América Latina e o Caribe. O powershoring ainda permitirá o amadurecimento do mercado regulado de carbono no Brasil, uma vez que as plantas com a pegada verde poderão negociar créditos com os setores mais energointensivos.