Esse novo modelo começou a ser desenvolvido há dois anos, quando a Caixa identificou 400 gestoras de recursos interessadas em ativos do setor imobiliário FOTO: Agência Brasil

A Caixa Econômica Federal está prestes a transformar sua atuação no mercado imobiliário, ampliando sua estratégia para além da concessão tradicional de empréstimos para compra e construção de imóveis. A nova abordagem envolve a estruturação de operações no mercado de capitais, com o objetivo de oferecer alternativas de crédito para construtoras e atrair investidores institucionais especializados.

Com a maior carteira nacional de crédito imobiliário, que soma R$ 780 bilhões, a Caixa pretende utilizar sua experiência para preencher lacunas que o financiamento convencional não cobre. Em entrevista ao Estadão, o vice-presidente de Negócios de Atacado da Caixa, Tarso de Tassis, afirmou que o objetivo é “fechar o ciclo de tudo que envolve financiamento imobiliário”.

Três eixos de atuação

O plano de ação da Caixa está dividido em três eixos principais:

Emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs): A iniciativa envolverá financiamentos garantidos pelas receitas das construtoras, como vendas de apartamentos e distribuição de dividendos.

Assessoria financeira para construtoras: O banco irá apoiar as empresas na captação de recursos para aquisição de terrenos e conclusão de obras. Esse eixo é dividido em duas frentes: uma focada em captar investidores institucionais para novos lançamentos e outra voltada para a recuperação de empresas com obras inacabadas devido a dificuldades financeiras.

Assessoria a investidores institucionais: Este eixo buscará identificar oportunidades de investimento em empresas do setor, incluindo o desenvolvimento de fundos e injeção de capital em projetos.

Tassis destacou que a Caixa planeja centralizar todos os produtos disponíveis, facilitando a conexão entre capital e construtoras em diversas regiões do Brasil. “Embora muitos produtos estejam próximos das construtoras em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, a Caixa conhece o mercado imobiliário do País inteiro”, ressaltou.

Fase de testes e perspectivas futuras

A fase de testes do novo modelo já está em andamento, com 19 operações em processo e uma já concluída. Embora a Caixa não divulgue o valor exato dessas operações, os empreendimentos têm um potencial de vendas estimado em mais de R$ 2,3 bilhões. Para 2025, o banco prevê realizar 20 novas operações e, em 2026, mais 40. “Se funcionar, vamos acelerar. Se não funcionar, vamos revisar”, afirmou Marco Buzzo, superintendente de Mercado de Capitais.

Esse novo modelo começou a ser desenvolvido há dois anos, quando a Caixa identificou 400 gestoras de recursos interessadas em ativos do setor imobiliário. Segundo Buzzo, o mercado demonstrou grande interesse em colaborar, reconhecendo a expertise da Caixa na gestão de riscos associados aos projetos.

Com essa nova frente de atuação, a expectativa é que a Caixa não apenas amplie as opções de financiamento para construtoras, mas também fortaleça o mercado imobiliário como um todo, contribuindo para a recuperação e o desenvolvimento do setor.