APONTA CNI
Carga tributária, câmbio e juros foram os principais desafios da indústria no 4º trimestre
Por Redação - Em 24/01/2025 às 10:31 AM
A elevada carga tributária foi o principal obstáculo para a indústria brasileira no quarto trimestre de 2024, segundo a pesquisa Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (24). O problema, que figurou em primeiro lugar no ranking dos desafios enfrentados pelo setor ao longo de todo o ano, foi apontado por 30,6% dos industriais no período, marcando uma redução de 3 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.
A seguir, com 29,3%, apareceu a taxa de câmbio, que subiu da oitava para a segunda posição no ranking, refletindo a preocupação dos empresários com a desvalorização do real. Segundo Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, a alta do câmbio impacta diretamente os custos das empresas, pois muitas delas dependem de insumos importados. “A desvalorização do real afetou significativamente a competitividade e a estrutura de custos da indústria brasileira”, afirmou Azevedo.
Em terceiro lugar, com 25% das menções, ficaram as altas taxas de juros, que apresentaram um aumento de 3,3 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. Entre outros problemas destacados pela pesquisa, estão a falta ou alto custo de matéria-prima (23,9%), a demanda interna insuficiente (22,3%) e a escassez de trabalhadores qualificados (21,6%). Embora esses desafios não tenham figurado entre os três primeiros problemas, a pesquisa aponta que continuam a ser obstáculos importantes para o setor.
Os dados da Sondagem Industrial também revelam uma retração na produção industrial no fim de 2024. O índice de evolução da produção foi de 42,5 pontos em dezembro, indicando um desempenho abaixo da linha de 50 pontos, que separa a expansão da contração. Essa queda foi observada em empresas de diferentes portes e regiões do Brasil, refletindo uma desaceleração disseminada na indústria.
O emprego industrial também registrou um recuo, com o índice de evolução do número de empregados ficando em 48,7 pontos. Essa redução no número de postos de trabalho foi observada de novembro para dezembro, indicando uma tendência de retração no setor.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que mede a quantidade de recursos utilizados pela indústria, caiu para 68% em dezembro, uma diminuição de 4 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Esse recuo afetou empresas de todos os portes e em todas as regiões do país.
Estoques e situação financeira
A pesquisa também revelou que os estoques da indústria registraram uma queda. O índice de evolução do nível de estoques ficou em 47,9 pontos, sugerindo uma redução nos estoques das empresas em comparação com novembro. Além disso, o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado foi de 49,3 pontos, o que também sinaliza um recuo, indicando que os estoques estavam abaixo do planejado.
Em relação à situação financeira, o índice de satisfação dos empresários com a saúde financeira das empresas ficou em 50,9 pontos no quarto trimestre de 2024, um pequeno recuo em relação ao trimestre anterior, mas ainda indicando que a maioria dos industriais estava razoavelmente satisfeita com a situação financeira de seus negócios. No entanto, o índice de satisfação com o lucro operacional foi de 45,8 pontos, mostrando um aumento na insatisfação com os lucros da indústria.
Acesso ao crédito
Outro dado importante da pesquisa foi a avaliação sobre a facilidade de acesso ao crédito, que ficou em 42 pontos, sinalizando que a dificuldade em obter crédito aumentou no último trimestre de 2024. A pesquisa também apontou uma intensificação da percepção de aumento dos preços das matérias-primas, com o índice alcançando 64,2 pontos, refletindo a preocupação com a inflação nos insumos utilizados pela indústria.
Conclusão
A Sondagem Industrial mostra um panorama de desafios econômicos para o setor industrial brasileiro no final de 2024. A carga tributária, o câmbio elevado e as altas taxas de juros foram apontados como os principais problemas enfrentados pelas empresas, que também lidam com a escassez de matéria-prima, a falta de demanda interna e a dificuldade de acesso a crédito. Apesar das dificuldades, a pesquisa também indica que a maioria dos empresários segue satisfeito com a situação financeira das suas empresas, embora haja uma crescente insatisfação com os lucros operacionais. O futuro da indústria dependerá, em grande parte, da capacidade de adaptação a esses desafios e das políticas econômicas que venham a ser implementadas.
A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 17 de janeiro de 2025, com a participação de 1.519 empresas, entre pequenas, médias e grandes, de diferentes regiões do Brasil. (Agência Brasil)