Uma pesquisa divulgada na semana passada pelo Banco Central revelou que os brasileiros apostam, em média, R$ 20 bilhões por mês FOTO: Agência Brasil

Menos de 1% dos pagamentos realizados por brasileiros em casas de apostas esportivas online são feitos por meio de cartões de crédito, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Este dado surge em um momento em que o setor discute a proibição do uso desse meio de pagamento para apostas esportivas, que deverá entrar em vigor em janeiro do próximo ano.

O vice-presidente da Abecs, Ricardo Vieira, defende que a proibição se estenda ao uso de ferramentas de financiamento, como o Pix financiado através do limite do cheque especial, que alguns bancos e fintechs têm oferecido. “Uma forma de se eliminar o superendividamento é fechar o acesso do Pix a operações de crédito, automáticas ou não, para efeito de pagamento de jogos”, declarou.

O governo federal já anunciou a proibição do uso de cartões de crédito para pagamentos em casas de apostas a partir de janeiro de 2025. Entretanto, bancos e associações que representam o setor de apostas defendem a antecipação dessa proibição, preocupados com o impacto que as apostas podem ter sobre o endividamento das famílias brasileiras.A Abecs tem monitorado a evolução do mercado de apostas desde a regulamentação do setor no ano passado. As discussões sobre o possível impacto das bets no endividamento das famílias têm ganhado destaque, especialmente em um cenário de aperto na renda.

Vieira enfatizou que a preocupação do setor não se limita ao aumento das dívidas em cartões, mas se estende ao impacto sobre a renda familiar. “A renda não é tão grande, e ser utilizada para esse tipo de atividade nos preocupa muito”, ressaltou. Em resposta, o fórum da Abecs, que reúne emissores de cartões, planeja criar um grupo ainda este mês para discutir mais a fundo as consequências das apostas no endividamento.

Dados

Uma pesquisa divulgada na semana passada pelo Banco Central revelou que os brasileiros apostam, em média, R$ 20 bilhões por mês. Cerca de 24 milhões de pessoas participaram do mercado de apostas, realizando pelo menos um pagamento via Pix para casas de apostas nos primeiros oito meses deste ano.

Um dado alarmante do estudo do BC indicou que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões para as bets via Pix, com um gasto médio de R$ 100 por pessoa. O Banco Central manifestou sua preocupação, afirmando que está atento ao tema e que precisa de mais dados e tempo para avaliar as implicações econômicas e financeiras das apostas na população.

Com a crescente popularidade das apostas online e as preocupações em torno do endividamento, o debate sobre a regulamentação e os meios de pagamento utilizados nesse setor deve continuar em evidência nos próximos meses.