ENDIVIDAMENTO DAS EMPRESAS

CEO da Latam Brasil questiona fusão entre Gol e Azul e destaca desafios financeiros no setor de aviação

Por Redação - Em 02/02/2025 às 12:01 AM

Jerome Cadier, Ceo Da Latam

Para Jerome Cadier, o memorando de entendimento assinado pelas duas companhias é vago e não oferece detalhes claros sobre como seria a combinação de negócios

O CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, se manifestou sobre a atual situação do setor de aviação no Brasil e a possível fusão entre Gol e Azul. Em declarações feitas na última sexta-feira (31), Cadier destacou que, embora as margens operacionais das empresas brasileiras sejam saudáveis, o principal desafio enfrentado pelo setor é o financiamento dos ativos, especialmente com as altas taxas de juros.

Cadier expressou dúvidas sobre a eficácia de uma fusão entre Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) para resolver o problema de endividamento das empresas. O executivo ressaltou que o memorando de entendimento (MOU) assinado pelas duas companhias é vago e não oferece detalhes claros sobre como seria a combinação de negócios, nem as possíveis medidas de mitigação propostas pelas empresas.

A fusão das duas aéreas criaria uma companhia com aproximadamente 60% do mercado brasileiro de aviação, atualmente o quarto maior do mundo. Cadier enfatizou que a análise do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) será aprofundada, já que tentativas semelhantes em outros países foram rejeitadas. O executivo também alertou para o risco de uma maior concentração no mercado, o que poderia afetar a competitividade e reduzir as opções para os passageiros.

Por outro lado, o CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou que, após a fusão, as duas companhias manteriam suas operações separadas e seus certificados operacionais. Rodgerson minimizou o impacto da fusão, argumentando que a sobreposição de malhas aéreas entre Gol e Azul é de apenas 10%, o que não deveria representar grandes obstáculos para a aprovação do Cade.

No entanto, Cadier observou que o Cade realiza uma análise técnica e criteriosa, que deve levar em consideração as especificidades de cada cidade, onde a concentração de mercado pode ser significativamente alta, como no caso do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde a participação máxima permitida por uma única empresa é de 45%. Ele reforçou que há uma preocupação com a concentração excessiva, especialmente em hubs estratégicos.

Atualmente, a Gol está em processo de recuperação no Chapter 11 nos Estados Unidos, enquanto a Latam concluiu seu processo de recuperação em 2022. Cadier concluiu que, embora o futuro da fusão entre Gol e Azul seja incerto, o setor segue enfrentando desafios significativos, especialmente no que diz respeito à gestão da dívida e à competitividade no mercado.

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