MERCADO
Cielo anuncia saída da B3 após 15 anos
Por Redação - Em 16/08/2024 às 4:47 PM
Após 15 anos de atuação na bolsa de valores, a Cielo (CIEL3) se prepara para se despedir da B3, ampliando o desafio enfrentado pelos bancos controladores da companhia, Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3). A decisão segue uma nova perda de participação de mercado da Cielo, que se destacou por sua queda em um setor altamente competitivo.
Na quarta-feira, 14 de agosto, Bradesco e Banco do Brasil conduziram o leilão da oferta pública de aquisição (OPA) na B3, comprando 736,9 milhões de ações da Cielo. A operação movimentou R$ 4,3 bilhões e garantiu o quórum necessário para solicitar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a conversão do registro e o fechamento de capital da empresa.
Os bancos controladores acreditam que, ao sair da B3, a Cielo ganhará maior flexibilidade estratégica. Essa mudança visa não apenas reverter a atual perda de mercado, mas também fortalecer a presença da companhia junto às pequenas e médias empresas (PMEs). Com a saída da Bolsa, a Cielo buscará adotar uma estratégia mais adaptada às novas demandas do mercado, que valoriza uma oferta integrada que combina maquininhas de pagamento com serviços bancários.
A Cielo enfrenta uma dura concorrência, principalmente de empresas como Stone e PagBank, que, após expandirem suas operações em maquininhas, integraram ofertas bancárias para capturar uma fatia maior do mercado. A Rede, controlada pelo Itaú Unibanco, também conquistou uma posição de liderança após sua saída da Bolsa em 2012, um caminho seguido pela Cielo no final do ano passado.
No segundo trimestre de 2024, a Cielo viu sua participação de mercado cair para 19,9%, em comparação com 22,3% no mesmo período do ano anterior. A rival Rede manteve a liderança com 22,8% do mercado, apesar de uma perda de participação para concorrentes como Getnet e Stone. O PagBank ainda não divulgou seus números mais recentes.
O analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, destacou em relatório que a Cielo tem enfrentado dificuldades para manter sua participação no segmento de PMEs, o mais rentável do setor. Apesar de expandir sua equipe, o desempenho da empresa ficou aquém das expectativas.
Desde sua estreia na Bolsa em 2009, a Cielo, então conhecida como Visanet, competiu diretamente com a Rede, anteriormente Redecard. A abertura do mercado promovida pelo Banco Central em 2010 permitiu que maquininhas de pagamento aceitassem múltiplas bandeiras, quebrando o duopólio existente e abrindo espaço para novos concorrentes. Com o tempo, as novas empresas e a inovação no setor contribuíram para a erosão da participação de mercado das líderes históricas.