APONTA FGV

Com retorno de Trump, EUA podem restringir importações de carnes, sucos e siderúrgicos do Brasil

Por Redação - Em 22/01/2025 às 10:20 AM

Exportações, Conteiner

A balança comercial brasileira encerrou 2024 com um superávit de US$ 74,6 bilhões

A promessa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar tarifas de importação tem gerado apreensão entre os exportadores brasileiros, que podem enfrentar maiores restrições para seus produtos. A previsão é que não apenas os produtos siderúrgicos, mas também sucos e carnes, enfrentem barreiras tarifárias mais altas, conforme indicou o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta quarta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Segundo a FGV, “lobbies protecionistas” nos Estados Unidos podem pressionar por restrições adicionais sobre as exportações brasileiras desses produtos, criando um ambiente mais desafiador para as transações comerciais. Embora ainda não haja um anúncio oficial sobre um pacote de tarifas, a expectativa é que um aumento nas tarifas de importação possa impulsionar a inflação e valorizar o dólar, com reflexos diretos para o Brasil. A elevação de tarifas também poderia impactar o controle da inflação e a desvalorização do real, trazendo mais dificuldades para a economia nacional.

No ano passado, o Brasil exportou uma série de commodities para os Estados Unidos, com destaque para o petróleo bruto (14% das exportações totais), semimanufaturados de ferro e aço (8,8%), café (4,7%), óleos combustíveis (4,3%), celulose (4,2%), ferro gusa (4,4%), sucos (3%) e carne (2,3%). A FGV destacou ainda a incerteza sobre a postura dos Estados Unidos em relação à exploração de petróleo em seu território, o que poderia afetar o preço do produto, sem garantir que isso resultaria em restrições ao comércio.

A instabilidade causada pela imprevisibilidade de Trump está criando um cenário mais complexo para o comércio global. Além das tarifas, é esperado que o governo dos Estados Unidos também imponha outras medidas protecionistas, especialmente em relação à China. No caso brasileiro, a FGV observa que o impacto de um eventual pacote tarifário poderá gerar mais custos para as transações comerciais internacionais.

Em paralelo, a balança comercial brasileira encerrou 2024 com um superávit de US$ 74,6 bilhões, um resultado inferior ao superávit de US$ 98,9 bilhões registrado em 2023. Este enfraquecimento da balança foi impulsionado pela queda de 0,8% nas exportações e pelo aumento de 9% nas importações. Em termos de volume, as exportações aumentaram 2,8% em relação a 2023, mas os preços caíram 3,4%. Já as importações cresceram 15,8%, apesar de uma redução de 5,8% nos preços.

O desempenho das exportações também variou conforme o setor. A indústria extrativa teve um crescimento de 6,8%, enquanto a indústria da transformação avançou 3,2%. No entanto, a agropecuária experimentou uma queda de 1,4%. A FGV observou ainda que o aumento nas importações de máquinas e equipamentos e bens intermediários para a indústria de transformação indica uma melhora na atividade industrial, ao passo que o setor agropecuário enfrentou desafios.

O cenário de incertezas e a perspectiva de novas tarifas nos Estados Unidos colocam o Brasil diante de desafios adicionais para manter a competitividade de suas exportações, especialmente em mercados como o americano. O governo brasileiro e os exportadores terão que acompanhar de perto a evolução das negociações e se adaptar às possíveis novas barreiras comerciais que podem surgir.

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