EXPANSÃO DO MERCADO LIVRE
Comerc Energia realiza a aquisição da Soma para ampliar atuação no Nordeste
Por Marcelo - Em 12/09/2023 às 8:38 PM
Foi realizada nesta terça-feira (12), durante evento no BS Design, a cerimônia que oficializou a incorporação da cearense Soma Energia ao Grupo Comerc Energia, numa operação de fusão que vinha sendo estudada desde o ano passado, quando o empresário Paulo Siqueira, fundador da Soma, buscava um parceiro de abrangência nacional que tivesse no seu escopo os mesmos valores e a visão de gestão energética, para colaborar com a agenda de seus clientes. E como a partir de janeiro de 2024, independente da demanda contratada, toda a alta tensão vai poder migrar para o mercado livre de energia, isso pode chegar 220 mil clientes que podem ter a opção de escolha do fornecedor, e que vão necessitar de novos serviços.
Esta sinergia foi encontrada na Comerc, que é a maior plataforma de soluções de energia renovável, impactando fortemente na questão da descarbonização, com um amplo portfólio. “Isso chamou nossa atenção para levarmos nossa carteira de clientes, que já estava num estágio avançado de desenvolvimento. E eles viram que na Soma havia uma relevância regional muito grande, onde apesar de serem líderes nacionais, no Nordeste não tinham uma presença tão efetiva. E como temos além dos conhecimentos regulatórios, dos processos e da tecnologia que a gente já usava, isso pesou e houve essa união”, explica Siqueira.
Ele lembrou que a Comerc possui várias verticais de geração, comercialização de energia, eficiência energética, uma mesa de negociação de créditos de carbono e uma frente que trabalha muito com essa tecnologia. “Muito se fala em geração, mas queremos levar à maior parte da população a questão do mercado livre de energia, que é a capacidade do consumidor não ter que necessariamente gerar sua energia, mas poder comprá-la e vendê-la no mercado livre, negociando contratos que sejam flexíveis, com preços competitivos e com uma assessoria local para dar todo o suporte nas questões regulatórias”, afirma.
E com a incorporação da Soma à Comerc Energia, ele ficará responsável pela gestão do Hub da Comerc no Nordeste, levando novas vantagens para os consumidores. “Com a Comerc, estamos focados no mercado livre de energia, levando economia – pois quem migra para ele economiza em média 25% e se combinar com eficiência energética, consegue maximizar essa economia para cerca de 40%. Mas além da economia, a gente está levando energia renovável e estamos aptos a ajudar os clientes na jornada de descarbonização, o famoso Net Zero. Então nos posicionamos não só como uma empresa de energia, mas como aquela que tem a maior e melhor plataforma de energias renováveis e de descarbonização focada no cliente”, ressalta Paulo Siqueira.
Macrotendências
Já o CEO da Comerc, André Dorf, ressaltou que a aquisição da Soma Energia tem a lógica de estabelecer com executivos locais, uma plataforma para oferecer todos os serviços da Comerc nos nove estados do Nordeste. A empresa tem utilizado como pilares para as mudanças que estão ocorrendo no mercado, algumas macrotendêndias, começando pelas práticas de ESG nas empresas e nas cadeias de produção. Outra é a relação descarbonização x compensação (pois a sociedade não está aceitando apenas a compensação, mas sim mitigação de emissões). Globalização X onshoring, especialmente importante para o Ceará, com novos memorandos de entendimento (MoUs) assinados com grandes empresas, para exportação de Hidrogênio Verde (H²V) pelo Porto do Pecém.
“O Brasil tem uma chance de ouro aqui, mas não estou vendo a gente fazer a lição de casa. A gente precisa de uma política industrial para o País, e agora temos uma chance verdadeira, com o fato de termos energia e custos competitivos, ambientes institucional e regulatório que nos permitem brigar para ser uma das regiões fornecedoras de produtos para o mundo. Temos visto que empresas que tinham unidades de produção na China, no Leste europeu ou Oriente Médio, estão redesenhando a sua pegada ao redor do mundo para países em regiões mais estáveis. O Brasil tem uma chance de ouro e não podemos perdê-la”, destaca André Dorf.
Ele lembrou, ainda, que a plataformização dos negócios (empresas que não produzem nada, mas têm uma boa plataforma para atender o cliente e estão lucrando mais que as fábricas), representa uma mudança na visão do ambiente de negócios. Citou, inclusive, que se forem analisadas as 15 empresas mais valiosas do mundo, cerca da metade devem ser plataformas e não empresas de produção tradicionais. E que não está sendo diferente com a área de energia, pois na Comerc os clientes querem acompanhar a sua matriz elétrica, o seu consumo em tempo real, para poderem tomar decisões mais assertivas.
Ressaltou que 90% da expansão da matriz energética projetada para o futuro está alicerçada nas energias renováveis – eólica, solar fotovoltaica e biomassa -, que têm baixo impacto ambiental. “O tema da eólica offshore (no mar) é uma nova fronteira, apesar de ainda termos bastante potencial na eólica onshore (em terra). O Hidrogênio Verde no Brasil tem duas rotas principais: as grandes indústrias de alguns setores que consomem Hidrogênio no seu processo de produção e a da exportação, que tem sido mais discutida aqui no Ceará. E tem ainda a questão das baterias, cujos custos de produção têm caído vertiginosamente e grandes baterias estacionárias para substituição do diesel e eficientização do consumo de energia tem ganhado muito espaço. Inclusive, temos uma grande bateria produzida pela Tesla com capacidade de dez megawatts, que abastece um porto da Vale no Rio de Janeiro nos horários de pico”, salienta o CEO da Comerc.
Em 2021 a empresa já possuía pequenos e médios parques de geração de energia solar, mas verificou que havia uma demanda crescente para o mercado livre de energia e fechou uma parceria com a Vibra, que injetou R$ 2 bilhões e buscou mais R$ 5 bilhões para construir usinas de grande porte. “E hoje a Comerc tem como clientes quase 20% de todo o mercado livre de energia no Brasil, liderando a parte de gestão de energia para consumidores e montamos o conceito da plataforma, unindo ativos competitivos de geração, com tecnologia, presença de mercado e conhecimento do setor elétrico. A parceria com a Vibra é muito importante, nos permitindo crescer com solidez, pois tem 18 mil clientes corporativos, que possibilita um grande potencial de sinergias”, explica.
E para alavancar os negócios de geração distribuída, a Comerc está construindo usinas remotas e criando consórcios de consumidores de baixa tensão, como lavanderias, padarias, postos de combustíveis, pequenas indústrias e residenciais, a partir de R$ 300,00 de conta de energia, possibilitando economia média para esses usuários de cerca de 20%, sem fazer nenhum tipo de investimento. “Hoje temos 49 usinas desse tipo em operação e estamos construindo mais 59 até o primeiro trimestre do ano que vem, de até cinco megawatts, que é o limite da regulação, que se conectam à distribuidora e hoje somos líderes na geração distribuída no Brasil, com 50 mil clientes. Além de oferecermos uma série de serviços para empresas, que se complementam. E com o Comerc Impacta, apoiamos uma startup do ITA que desenvolveu um sistema que faz um inventário da pegada de carbono, de forma automatizada, promovendo uma jornada de descarbonização com economia”, completa André Dorf.
Já o vice-presidente Comercial e de Marketing da Comerc, Pedro Kurbhi, salientou que a aquisição da Soma Energia era um desejo antigo da Comerc de ampliar sua participação no Nordeste, que visualiza como de grande crescimento. “A Soma era uma empresa tradicional da região, com processos bem estruturados, uma carteira de clientes relevante e pessoal capacitado, ou seja, todos os componentes para uma parceria longeva com a gente. Ganhamos uma capilaridade, um tempero regional, de estar presente localmente, que é muito importante. A equipe que está aqui tem uma capacidade muito maior de gerar novos negócios, de conhecer as peculiaridades e os desejos dos clientes daqui, para os quais traremos uma plataforma com muita tecnologia e uma gama de produtos bem mais ampla. O Nordeste é uma região com um potencial de insolação ótimo para geração de energia e o Ceará vai estar sempre no nosso ângulo para avaliarmos novos investimentos aqui”, assevera.