
TRANSIÇÃO ENETGÉTICA
COP29: países ricos firmam devem destinar US$ 300 bilhões aos países em desenvolvimento até 2035
Por Redação - Em 23/11/2024 às 8:53 PM

O tema era o principal da conferência desse ano, chamada informalmente de “COP das Finanças” FOTO: Agência Brasil
Após mais de 12 dias de intensas negociações e desafios, a COP29 chegou a um acordo sobre a nova meta de financiamento climático, um dos temas centrais da conferência deste ano, conhecida como a “COP das Finanças”. O compromisso firmado estabelece que os países ricos devem destinar pelo menos US$ 300 bilhões aos países em desenvolvimento até 2035 para apoiar ações de mitigação, adaptação e transição energética. No entanto, estimativas apontam que esse montante é inferior às reais necessidades dos países em desenvolvimento, que precisariam de cerca de US$ 1,3 trilhão.
O evento, que teve seu término adiado várias vezes, aconteceu entre os dias 11 e 22 de novembro, mas o acordo final só foi alcançado na madrugada deste domingo (24), em Baku, capital do Azerbaijão. A decisão foi comemorada por alguns, mas também gerou críticas de representantes de países em desenvolvimento. Durante a plenária, Cuba acusou os países ricos de não cumprirem suas responsabilidades históricas na crise climática, enquanto a Índia fez críticas ao processo, considerando-o um “incidente feliz”, mas apontando desconfiança na presidência da COP.
O Brasil teve um papel relevante nas discussões, defendendo um valor mais alto, de US$ 300 bilhões até 2030, com uma atualização para US$ 390 bilhões até 2035. A proposta brasileira também destacava que os recursos deveriam ser exclusivamente públicos, sem a inclusão de fontes privadas. No entanto, o acordo final permite que o financiamento venha de diversas fontes, incluindo bancos multilaterais e investidores privados.
Apesar de ser visto como um passo positivo, o acordo foi alvo de críticas pela falta de clareza quanto às fontes de recursos e à forma como esses fundos serão distribuídos. Embora a meta mínima tenha sido definida em US$ 300 bilhões, o texto do acordo sugere que o valor total de US$ 1,3 trilhão até 2035 poderia ser alcançado com o aporte de recursos de múltiplas origens.
A condução da conferência pelo Azerbaijão também foi alvo de controvérsias. A escolha do país como sede gerou desconfiança desde o início, devido à sua falta de experiência em eventos desse porte e ao contexto geopolítico tenso, agravado pela ausência de vários líderes mundiais. Além disso, a versão final do texto, com o valor definido, foi divulgada apenas na sexta-feira (22), aumentando as críticas de que o acordo favoreceu mais os interesses dos países ricos, que chegaram à conferência sem propostas concretas.
Em meio a esses desafios, a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, fez o discurso de “passagem de bastão” para a próxima cúpula, que será realizada no Brasil em 2025. Ela destacou a importância de construir uma base sólida de entendimento entre os países para enfrentar a crise climática e evitar que situações como a vivida em Baku se repitam.
A COP29, marcada por impasses e tensões, chegou ao fim com um acordo que, embora considerado um avanço, deixou muitas questões sem resposta, especialmente em relação à transparência no financiamento climático e à responsabilidade dos países ricos no combate à mudança climática. A meta de US$ 100 bilhões, acordada anteriormente, ainda gera dúvidas sobre seu cumprimento e a efetividade dos recursos alocados, e o Novo Objetivo Quantificado Coletivo (NCQG) será crucial para garantir que as nações em desenvolvimento possam investir nas mudanças necessárias para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.
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