PRIMEIRA ALTA EM SEIS ANOS
Copom aumenta a Selic para 2,75% ao ano e surpreende analistas de mercado
Por Marcelo - Em 17/03/2021 às 7:32 PM
Em meio ao aumento da inflação de alimentos que começa a estender-se por outros setores, o Banco Central subiu os juros básicos da economia pela primeira vez em quase seis anos. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa Selic de 2% para 2,75% ao ano. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que estavam projetando uma alta para 2,5% anual.
Com a decisão desta quarta-feira (17), a Selic subiu pela primeira vez desde julho de 2015, quando tinha sido elevada de 13,75% para 14,25% ao ano. A taxa permaneceu nesse nível até outubro de 2016, quando o Copom passou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto do ano passado, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19, o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No mês passado, o indicador fechou em 5,2% no acumulado de 12 meses, pressionado pelo dólar e pela alta nos preços de alimentos e de combustíveis.
O valor está próximo do teto da meta de inflação. Para 2021, o Conselho Monetário Nacional tinha fixado meta de inflação de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não pode superar 5,25% neste ano nem ficar abaixo de 2,25%.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo BC, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fecharia o ano em 3,4% no cenário base. Essa situação considera uma eventual alta da inflação no primeiro semestre, seguida de queda no segundo semestre.
A projeção não está mais em linha com as previsões do mercado. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,6%. No fim deste mês, o Banco Central atualizará a projeção oficial no próximo Relatório de Inflação. (Agência Brasil)