O Centro Regional Integrado de Oncologia (CRIO) participa  de uma pesquisa internacional no campo  oncológico tem trazido otimismo para a cura do câncer. A vacina contra a doença, em desenvolvimento clínico nos diferentes centros de pesquisa do mundo, é o nome popular usado para denominar a terapia individualizada com neoantígenos (ou INT, na sigla em inglês).

A estratégia consiste na manufatura de uma vacina individualizada para cada paciente com diagnóstico de câncer, com base no perfil individual de mutações presentes no tumor. Essa abordagem revolucionária busca oferecer uma nova esperança para milhares de pessoas que estão em tratamento contra a doença, e alguns voluntários já estão participando de testes clínicos em vários países, inclusive no Brasil.

Eduardo Cronemberger – ao centro na fila de trás -, com sua equipe de pesquisadores do CRIO

No Ceará, uma pesquisa para o desenvolvimento da vacina de RNA mensageiro chamada V940, é coordenada pelo dr. Eduardo Cronemberger e conduzida pela equipe de pesquisa clínica do CRIO, em uma parceria internacional com os laboratórios MSD e Moderna. O estudo, que se encontra em fase de recrutamento, é destinado para pacientes com câncer de pulmão, e todos os participantes irão receber doses de medicamento usado no tratamento imunoterápico da doença.

“A vacina personalizada funciona como um ‘treinamento’ para o sistema imunológico, semelhante à tecnologia das vacinas de RNA mensageiro (mRNA) para a prevenção da covid-19”, ressalta Cronemberger. Ele explica que ao analisar a sequência do DNA no tumor do paciente, os pesquisadores identificam uma assinatura mutacional ímpar e, a partir disso, desenvolvem uma vacina específica para aquele perfil.

‘Ensinamento’

“Ao ser administrada, a vacina ‘ensina’ o organismo a reconhecer e atacar as células cancerígenas de forma mais eficaz, aumentando as chances de cura e reduzindo os efeitos colaterais aos pacientes, gerados pelos tratamentos convencionais”, destaca o coordenador do estudo.

Ainda de acordo com o oncologista do CRIO, a abordagem é totalmente personalizada, onde cada paciente recebe uma vacina única, desenhada especificamente para o seu tipo de tumor. Essa personalização é fundamental para aumentar a eficácia do tratamento e minimizar os riscos que podem ocorrer com os pacientes.

A vacina está em fase de desenvolvimento e testes clínicos, e seus benefícios a longo prazo ainda estão sendo avaliados. “É essencial que a pesquisa em oncologia continue avançando para alcançarmos índices de cura mais expressivos, principalmente em câncer de pulmão, maior causador de mortes pela doença no mundo. E que essa terapia possa se tornar uma realidade acessível a todos os pacientes”, finaliza Eduardo Cronemberger.