EVITANDO O DESPERDÍCIO

CSP desenvolve piso sustentável em parceria com universidades e empresas

Por Marcelo - Em 17/11/2022 às 6:18 PM

Resíduos e desperdícios se transformaram em renda e novos negócios. Para isso, muita tecnologia e parcerias com universidades e outras entidades são realizadas. Quando não se reutiliza materiais que seriam descartados é porque tem dinheiro fora do lugar. É o que defende a analista de Meio Ambiente da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), Ana Júlia Dantas. “Sistemas que são menos eficientes vão gerar danos ao próprio bolso da empresa. Quanto mais resíduos, pior. Um resíduo bem gerenciado significa melhora nos resultados ambientais e financeiros também. Quando há desperdício, significa que preciso de mais soluções pra destinar nossos materiais”, explica.

Ana Júlia e Carlos Roberto caminham sobre os tijolos feitos na CSP                 Foto: Divulgação

Bons exemplos disso estão saindo do papel e virando realidade por meio de uma parceria entre a CSP, empresas de São Gonçalo do Amarante, a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Federal de Viçosa e a Biosfera, empresa especialista em soluções sustentáveis, que avançam nessa direção juntas. Essas instituições desenvolveram soluções para o uso de resíduos gerados na CSP, por exemplo, um novo tipo de concreto. Ele demanda menos areia e brita, que são recursos naturais obtidos a partir da trituração de rochas. Carlos Roberto Guimarães, especialista de Aciaria da CSP, detalhou. “A nossa ideia foi produzir um concreto sustentável, substituindo 80% desses elementos naturais por um resíduo resultante da produção de aço, o agregado siderúrgico, também conhecido como escória do BSSF”.

No processo de produção do aço, são gerados vários resíduos: escória (de Aciaria e de Alto-forno), lama, resíduos refratários e resíduos metálicos (sucatas). Hoje, a siderúrgica cearense consegue o reaproveitamento interno e destinação externa em quase 100% dos seus resíduos. A CSP comercializa coprodutos para cimenteiras, para indústrias de cerâmicas, químicas, tintas, pavimentação de pátios e vias. O reaproveitamento dos resíduos reduz custos e aumenta a sustentabilidade do negócio.

Sustentabilidade

Dar novas alternativas sustentáveis e nobres para o uso do agregado siderúrgico é a inspiração da CSP e parceiros. “Hoje, 100% do agregado siderúrgico não metálico gerado na produção de aço e processado na estação de granulação (BSSF) é vendido para as empresas cimenteiras. O nosso objetivo é desenvolver novas aplicações sustentáveis, diversificando ainda mais as destinações”, ressalta Carlos Guimarães.

Todos os dias, na hora do almoço na CSP, dezenas de pessoas caminham em 400m² de blocos intertravados coloridos, quando saem do prédio da Aciaria em direção ao restaurante. Todos os blocos foram feitos com agregado siderúrgico da produção de aço. Cada um deles representa o trabalho conjunto das universidades, equipe da CSP e das empresas regionais parceiras Sudamim e RP Pré-Moldados.

“Um bloco convencional produzido, que se usa na cidade, é composto de areia, cimento e brita. O bloco que produzimos substitui a areia e a brita por escória siderúrgica, que possui características similares. O resultado foi muito bom. Atendeu as especificações da norma (NBR 10.004). Dentro disso, produzimos mais de 1.000 blocos e construímos o caminho seguro para acesso ao refeitório, como um projeto piloto da nossa área. Agora, podemos buscar novos mercados e incluir esse item como mais uma aplicação do nosso coproduto”, comemora Guimarães.

Outra vantagem dessa inovação é que o uso da escória torna o custo dos blocos intertravados menor. “O preço, em geral, é mais barato quando comparado com a produção de brita e areia, pois estes envolvem vários processos para extração de rochas naturais”, defende Carlos Guimarães.

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