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Dólar recua 6% no primeiro trimestre e vai abaixo de R$ 5,80, mas incertezas mantêm volatilidade

Por Redação - Em 06/04/2025 às 12:01 AM

Dólar

O recuo do dólar no primeiro trimestre foi impulsionado, principalmente, por fatores externos, como a postura de Donald Trump

O dólar, que encerrou 2024 cotado a R$ 6,30, acumula uma desvalorização superior a 6% em 2025, sendo negociado abaixo de R$ 5,80. Apesar da queda da moeda americana, há preocupações sobre o futuro do real, já que fatores como a guerra comercial, riscos de desaceleração econômica nos Estados Unidos, e a instabilidade fiscal no Brasil podem interferir na continuidade da valorização.

O recuo do dólar no primeiro trimestre foi impulsionado, principalmente, por fatores externos, como a postura de Donald Trump em relação às tarifas comerciais e a perda de força do modelo de excepcionalismo americano. A ascensão de empresas de tecnologia de outros países, como a chinesa DeepSeek, também contribuiu para essa mudança no cenário. Enquanto isso, moedas emergentes, incluindo o real, se valorizaram, mas a persistente incerteza sobre os impactos da guerra comercial e a desaceleração global deixam dúvidas sobre a estabilidade dessa tendência.

O fluxo cambial no Brasil também é uma preocupação. Dados da B3 indicam que investidores estrangeiros reduziram em mais de US$ 30 bilhões suas posições compradas em dólar desde o final de 2024. Embora a entrada da safra agrícola tenha contribuído para uma valorização do real, o fluxo financeiro permanece negativo, com uma saída líquida de mais de US$ 13 bilhões, o que afeta a recuperação da moeda brasileira.

No cenário doméstico, a instabilidade fiscal e as questões políticas também geram tensão. Medidas como a liberação do saldo do FGTS e a aprovação de um Orçamento com previsões de arrecadação otimistas aumentam a insegurança no mercado. Além disso, os sinais de um possível movimento populista por parte do governo, caso a popularidade do presidente não se recupere, ampliam o risco fiscal.

Apesar disso, a taxa de juros elevada no Brasil, com a Selic em 14,25% e expectativa de novos aumentos, oferece certo suporte ao real, tornando o custo de manter posições em dólar mais alto. A combinação desse diferencial de juros e o cenário de incerteza externa contribui para a proteção da moeda brasileira, mas a projeção de que o dólar retorne a R$ 6,00 até o fim do ano segue sendo uma possibilidade.

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