Donos de Bares e restaurantes demitem mais de 2 mil funcionários em fevereiro e buscam diálogo com o governo
Por Pompeu - Em 28/02/2021 às 9:58 AM
Coletiva de imprensa convocada pela Abrasel- CE marcou um avanço na relação entre o setor de bares e restaurantes e o governo do Estado. Aberta a nova fase, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), disse que em breve anunciaria medidas de apoio ao setor de alimentação fora do lar.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Ceará, Taiene Righetto, declarou que deverá se reunir neste fim de semana com representantes do governo do Estado para debater propostas de socorro ao segmento. A expectativa é que as definições do encontro sejam divulgados na próxima semana.
Segundo Righetto, foram registradas 2 mil demissões em Fortaleza, apenas nos últimos 20 dias. Segundo ele, o temor de novas demissões e falências se acentuou por conta das novas restrições divulgadas pelo governo do Estado na sexta-feira, 26, e que devem vigorar até o dia 7 de março, como forma de atenuar a velocidade de propagação do novo coronavírus. No caso específico de bares e restaurantes, o horário de funcionamento foi reduzido durante os dias de semana e tais estabelecimentos precisarão encerrar as atividades, a partir das 19h. Aos sábados e domingos, segue a permissão para funcionar até às 15h.
O segmento já soma 10 mil postos de trabalho perdidos, durante a pandemia, e emprega outras 30 mil pessoas na Capital, de acordo com a Abrasel no Ceará. “Estamos em negociação com o governo do Estado, com quem nos reuniremos ainda neste fim de semana. A gente vê com otimismo o fato de o setor ter sido procurado, pois estávamos sem negociação nenhuma e sabendo das coisas quando os decretos eram publicados. Esse problema todo estava só na nossa conta. Nós esperamos, realmente, que agora saiam decisões que possam fazer o setor sobreviver”, ressalta Taiene Righetto.
Ele avalia, porém, que o “setor está muito fragilizado e a continuidade das medidas restritivas deve ampliar, de forma exponencial, o fechamento de postos de trabalho e de falências, além de trazer outro fenômeno complicado que é o do encolhimento dos grandes restaurantes. A gente, infelizmente, projeta ter o setor com a metade do tamanho que ele tinha há um ano, falando em números de empregos e de estabelecimentos”.
Quanto às propostas que a entidade deve levar ao governo do Estado, Righetto lista entre as principais: auxílio aos trabalhadores do setor que perderam o emprego, renegociação de impostos estaduais, isenção de IPTU, suspensão dos cortes de água e energia e renegociação de dívidas com as companhias que prestam esses serviços, além de um plano de retomada gradual para o funcionamento completo de bares e restaurantes.
Noites esvaziadas
Taiene avalia um dos impactos das medidas mais restritivas anunciadas do novo decreto estadual sobre o setor, será o fim do atendimento noturno de estabelecimentos que costumavam funcionar no período diurno e que com a pandemia haviam ampliado seu horário de atendimento até às 20h.
“Essa hora a menos tem um fator importante. Os que abriam só à noite, não tem mais conversa: ou já fecharam ou vão fechar. Aqueles que abriam de dia e à noite, muito provavelmente vão deixar de abrir à noite, também. Essa redução de uma hora foi o limiar entre abrir ou não à noite. Então, o jantar acabou na cidade”, projeta Righetto.