APONTA CNI
Emprego industrial não cai há um ano
Por Redação - Em 05/11/2024 às 10:49 AM
O emprego na indústria brasileira não registra queda há um ano, evidência de uma recuperação gradual no setor. De acordo com os Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a criação de vagas na indústria aumentou 0,2% de agosto para setembro, marcando 12 meses consecutivos de crescimento sem registros negativos. No acumulado de 2024, até setembro, o emprego industrial cresceu 2,1% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Esse desempenho positivo no mercado de trabalho reflete-se também em outros indicadores econômicos. A massa salarial real dos trabalhadores da indústria de transformação, por exemplo, subiu 0,4% em setembro, considerando dados ajustados para efeitos sazonais. No acumulado de janeiro a setembro, a massa salarial cresceu 3,1% frente ao mesmo período de 2023.
O rendimento médio real dos trabalhadores industriais, por sua vez, registrou uma leve alta de 0,2% em setembro, mas ainda ficou 1,3% abaixo do valor observado no mesmo mês de 2023. No entanto, no acumulado de 2024 até setembro, o rendimento médio apresenta uma alta de 1% quando comparado ao ano anterior.
Embora o mercado de trabalho tenha mostrado números positivos, a atividade industrial no Brasil teve um desempenho misto em setembro. O faturamento da indústria caiu 1,7% de agosto para setembro, embora tenha apresentado um crescimento de 8,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, até setembro, o faturamento também é superior, com aumento de 4,4% em relação a 2023.
Outro indicador que apresentou queda foi o número de horas trabalhadas na produção, que recuou 0,8% entre agosto e setembro. No entanto, quando comparado a setembro de 2023, o indicador subiu 6,3%, e no acumulado do ano, o aumento foi de 3,9%, mostrando uma maior eficiência e utilização da mão de obra ao longo do ano.
Apesar dessas oscilações, um dos poucos indicadores industriais que apresentou melhora foi a Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que aumentou 0,3 ponto percentual, passando de 79,6% em agosto para 79,9% em setembro. Esse aumento é considerado um sinal positivo, pois indica que as fábricas estão utilizando mais sua capacidade de produção já existente.
Perspectivas
Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, destacou a importância do aumento da UCI para a recuperação da indústria brasileira. Ele afirmou que a elevação da UCI demonstra que a indústria está operando com maior eficiência, aproveitando melhor os recursos já disponíveis, tanto em termos de maquinário quanto de mão de obra. “Na medida em que a UCI cresce, é necessário investir mais para atender o aumento da demanda por bens industriais. Com o bom momento da indústria, estamos acompanhando um aumento da produção, do emprego e da capacidade instalada”, explicou Azevedo.
Essa dinâmica sugere que, embora a indústria ainda enfrente desafios, como a queda no faturamento em setembro, há uma tendência de recuperação no longo prazo, impulsionada por maior utilização da capacidade produtiva e pelo crescimento contínuo do emprego no setor. O aumento da UCI, em particular, é visto como um indicativo de que, com o tempo, o setor poderá necessitar de novos investimentos para expandir ainda mais sua produção, o que contribuiria para uma maior estabilidade econômica no país.